Muitas vezes as pessoas reclamam do trabalho, mas não tomam nenhuma medida efetiva para melhorar a satisfação durante as horas que dedicam a ele. E nem sempre é preciso mover montanhas para ser mais feliz na vida profissional: alcançar esse objetivo pode depender de mudanças mais simples do que se imagina.

O primeiro passo para essa felicidade está na capacidade de reajustar o olhar sobre a realidade. “Se somos inflexíveis, recebemos uma resposta inflexível do ambiente”, afirma Wilma Dal Col, 57 anos, diretora da consultoria em carreiras Right Management.

Uma ocupação, sobretudo em um cargo de liderança ou de mais responsabilidade, envolve uma série de afazeres, e é natural não gostar de todos com a mesma intensidade – ou efetivamente desgostar de alguns. Aqui, é preciso ampliar a visão – e entender a importância de cada ação para o bom funcionamento do todo. “Trata-se de conferir significado ao conjunto das atividades rotineiras”, explica a executiva. “Pautar a felicidade em torno de uma ou outra tarefa é dar uma dimensão muito pequena ao conceito”, diz. “É necessário analisar como elas se inserem em um contexto maior.”

“Pautar a felicidade em torno de uma ou outra tarefa é dar uma dimensão muito pequena ao conceito”

Um gerente de área, por exemplo, pode achar chato ter de preencher relatórios de avaliação dos funcionários que lidere. Deve, no entanto, entender que o procedimento é importante não só para os controles do departamento de recursos humanos, mas também para que os próprios liderados entendam mais sistematicamente os pontos fortes de seu desempenho e aqueles em que devem melhorar.

QUESTIONAMENTO

Flexibilidade é um termo chave ao se procurar mais felicidade no trabalho. Após muito tempo em uma mesma empresa, a tendência é se acostumar ao modo pelo qual as coisas funcionam, sem se questionar o porquê de elas serem feitas daquela maneira – e se haveria formas mais eficientes, ou mesmo agradáveis, de atingir as metas desejadas.

Esse questionamento é algo que as novas gerações costumam fazer com mais desenvoltura. “Elas querem, mais do que chegar a resultados, aproveitar a jornada, que o trabalho seja prazeroso”, diz Wilma.

Isso implica estar aberto, e não resistente, a mudanças. Assim, aquele discurso do “Eu sempre fiz desse jeito” ou “As coisas aqui na empresa sempre funcionaram dessa forma” deve ser aposentado em razão dos avanços tecnológicos. Nesse sentido, profissionais mais maduros têm muito a aprender com os mais novos, em uma espécie de mentoria reversa. Ela se aplica especialmente à gestão de sistemas de informação nas companhias, automatizando etapas e reduzindo o tempo da realização dos processos.

APRENDIZADO

O aprendizado contínuo está inserido nessa lógica. Para a especialista, buscar cursos de qualificação, dentro ou fora da empresa, é uma forma de ganhar conhecimentos técnicos, mas não só: o convívio com pessoas de gerações diferentes, de outras empresas ou de departamentos diversos ajuda na compreensão de novos contextos e das múltiplas realidades que compõem os sistemas organizacionais.

E as aulas nem sempre precisam ter uma relação direta com a função exercida no escritório. Wilma conta sobre um executivo que se sentia inseguro na hora de tomar decisões, e sua equipe se ressentia dessa insegurança. Passado um tempo, a consultora notou que ele estava bem mais assertivo em suas escolhas e na condução do time. “Descobri que esse líder tinha feito um curso de paraquedismo”, diz. “É uma atividade que exige lidar com o risco, e esse conhecimento adquirido se estendeu para o campo profissional.”

Mesmo uma transformação física no ambiente, com o intuito de tornar os dias menos enfadonhos, requer um significado que vai além da mesa nova, da cor diferente na parede ou da plantinha de estimação. Se a rotina continua a ser encarada do mesmo jeito, sem mudanças nas motivações internas, o visual renovado do lado de fora não será suficiente para fazer surgirem cores mais vivas do lado de dentro.

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