Eric Clapton deu um susto nos fãs ao afirmar que está ficando surdo. “Sofro com o zumbido”, desabafou o lendário guitarrista, aos 72 anos. Apesar de os músicos estarem mais sujeitos ao distúrbio, a perda auditiva atinge 278 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

“E a presbiacusia, que é a surdez relacionada ao envelhecer, acomete 16,8 milhões de pessoas com 60 anos de idade ou mais”, diz o otorrinolaringologista Fernando Cezar Cardoso Maia Filho, citando dados de 2017. “Até 2024, serão 32 milhões de idosos com deficiência auditiva”, estima.

A audição, segundo ele, é o sentido que envelhece mais precocemente pois é mais sensível a muitas variáveis durante a vida, que a afetam de forma cumulativa. Entre elas estão, além da exposição a sons altos, o uso de antibióticos; o tabagismo e as doenças como caxumba, meningite, rubéola e sarampo e crônicas como colesterol elevado, diabetes e pressão alta. “Todas vão levando à perda auditiva ao longo dos anos.”

Apesar disso, segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, as pessoas levam cerca de sete anos para procurar um especialista após perceberem algum dano à audição e ainda levam mais dois anos para escolher um tratamento. “Mesmo nos casos de surdez súbita – perda auditiva repentina – demoram para buscar tratamento, diferentemente de uma cegueira repentina.”

“Quando discutimos sobre o tratamento para presbiacusia, que é o uso de aparelhos de amplificação sonora individuais, temos várias causas para rejeição: informação inadequada, estigma e aparência; crença errada de que não funcionam e pouca valorização de que são um recurso de reabilitação auditiva”, diz Maia Filho.

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Os aparelhos geralmente são indicados a partir de deficiência auditiva leve. “Hoje, a maioria deles é digital, logo possuem um microfone, um processador e um alto-falante, que captam, filtram e amplificam os sons que são mais úteis ao paciente e mandam para o ouvido ele processado”, explica Rui Carlos Ortega Filho, otorrinolaringologista do Hospital do Servidor Público de São Paulo.

A deficiência auditiva relacionada ao envelhecimento é irreversível, avisam os especialistas. “Normalmente, o que se pode tratar são os fatores associados, como diabetes e hipertensão arterial, eventuais inflamações locais ou até excesso de cera”, diz Ortega Filho. “A reversão de lesões neurológicas ainda não pode ser resolvida, apenas em alguns casos agudos, como surdez súbita ou doença de Menière, por exemplo.”

A boa notícia e que é possível preveni-la. “Evitar exposição a ruídos ou, se inevitável, usar protetores auriculares; evitar cotonetes, que podem machucar o ouvido; procurar um otorrino ao aparecer zumbidos ou dores leves de ouvido, aumentar o consumo de peixes oleosos, como o salmão, e a ingestão de vitaminas C e E, que retardam o aparecimento da perda auditiva”, enumera Ortega Filho. “E controlar pressão, diabetes e colesterol”, lembra Maia Filho.

A maior consequência da deficiência auditiva no idoso é o isolamento, pois a tendência é evitar conversas. “Além disso, existe interrelação entre perda auditiva, depressão e declínio funcional”, pontua Maia Filho. “E aceleração de doenças como as demências onde a privação sensorial (auditiva, visual etc.) leva a uma deterioração das funções sociais”, complementa Ortega Filho.

PROCURE UM ESPECIALISTA SE VOCÊ

  • Apresentar zumbido nos ouvidos
  • Tiver dificuldade de entender o que os outros falam
  • Tiver dificuldade de entendimento em ambientes com ruídos
  • Achar que as pessoas murmuram ou “falam para dentro”
  • Aumentar o volume da TV a ponto de outras pessoas se incomodarem
  • Não perceber alguns sons
  • Ficar irritado ou estressado por se esforçar para ouvir
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