Dados do Ministério do Trabalho e Emprego e da pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) mostram que a ocupação que mais cresceu no país em uma década, entre 2,6 mil profissões pesquisadas, é a de Cuidador de Idosos. O número de profissionais do tipo passou de 5.263 em 2007 para 34.051 em 2017, uma impressionante alta de 547%. Mas como ainda não possui regulamentação como profissão, é reconhecida apenas como ocupação descrita na classificação brasileira de Ocupações. 

Um ponto que acrescento a esta informação é que percebemos nos nossos estudos que, na maioria absoluta dos registros em carteira, a atividade documentada não é a de cuidador e sim a de empregada doméstica. Apesar do crescimento da ocupação profissional, o mercado ainda tem muito, mas muito para expandir.

Tentando entender melhor a atividade, dificuldades e desafios do cuidador, a SeniorLab mercado & consumo 60+ realizou um mergulho neste universo e descobriu que os profissionais remunerados equivalem a apenas 5% do grupo de pessoas que se dedicam a cuidar dos  idosos. O cuidador familiar ainda responde por 95% dos casos de acompanhamento de idosos em graus de dependência II e III. Os dados são de um estudo para um cliente, mas que podem e merecem ser compartilhados.

Criamos a persona "Cuidador”, um personagem fictício que representa a maior parte do público identificado, que tem representatividade, importância estatística e dá uma ideia clara de quem estamos falando:

É mulher, tem 50 anos, casada, dois filhos, tem ensino médio, reside na mesma casa com pai ou mãe idoso, dedica-se de 13 a 24 horas por dia à atividade, não tem remuneração nem especialização técnica para o trabalho. É movida por um senso de gratidão, responsabilidade e humanidade. É a cuidadora principal e tem irmãos que atuam como cuidadores secundários. 

 

Alguns dados ajudam a entender o tamanho do envolvimento e as características do cuidado de idoso no próprio lar:

  • 95% são cuidadores informais da família e não são remunerados;
  • 75% são cônjuges ou filhas;
  • Idade entre 26 e 86 anos tendo como idade média os 50 anos;
  • 53% dos cuidadores familiares ou informais não têm atividade extradomiciliar e dedicam-se ao cuidado com o idoso e com outros afazeres domésticos;
  • 55% são casados;
  • 50% possuem apenas ensino médio;
  • 80% exercem a função de cuidador por mais de 2 anos;
  • 47% conciliam atividades de trabalho fora do lar com a de cuidador de idoso;
  • 80% dos cuidadores residem com o idoso;
  • 60% dormem no mesmo quarto;
  • 57% dos cuidadores dedicam-se ao idoso de 13-24 horas diárias, exercendo uma sobrecarga de trabalho que reflete tanto na saúde do próprio cuidador como nos cuidados prestados ao idoso. Stress elevadíssimo.

Os desafios do aumento da longevidade trazem grandes impactos financeiros, estruturais e emocionais, os mais difíceis de mensurar. Há muito por fazer para trazer conforto ao idoso e apoio ao cuidador. Como vimos, a cuidadora tem nome, rosto, vida, filhos e um imenso senso de gratidão. Entidades e empresas se movimentam para tornar a nobre atividade um pouco menos pesada.   


Fontes: SeniorLab mercado & consumo 60+, IBGE e Perfil de Cuidadores de Idosos no Brasil Flávia Nunes Ferreira de Araújo e Maria Janine Pereira Fernandes.

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