O Outubro Rosa chega com um alerta: na faixa etária entre 50 e 69 anos, o número de mamografias no SUS (Sistema Único de Saúde) em 2017 é o menor dos últimos cinco anos, segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia.

Eram esperados 11,5 milhões de exames para detecção de câncer de mama, mas só foram realizados 2,7 milhões – uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde). A SBM orienta a realização da mamografia uma vez por ano a partir dos 40 anos.

Os três piores Estados foram Amapá, que realizou apenas 260 exames, em detrimento dos 24 mil esperados, seguido do Distrito Federal, com 5.000 realizados para os 158,7 mil esperados, e Rondônia, com 5.700 realizados para 76,9 mil esperados.

“O baixo número pode ser atribuído a dificuldade de agendamento no sistema de saúde de cada Estado, mamógrafos quebrados ou descalibrados e déficit de técnicos e médicos radiologistas”, afirma Antônio Frasson, presidente da SBM. “A dificuldade para o deslocamento também não pode ser descartada.”


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Já na rede particular, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar), o setor de planos de saúde realizou cerca de 5,1 milhões de mamografias em 2015, sendo 2,3 milhões na faixa etária prioritária (entre 50 e 69 anos); 34.830 internações relacionadas à doença; e 17.169 cirurgias para tratamento do câncer de mama.

Além da baixa cobertura de mamografias pelo SUS, a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia detectou também baixa qualidade clínica das imagens. Na prática, “significa uma má qualidade nos exames mamográficos por má qualificação dos profissionais que operam os mamógrafos”.

Casos aumentam de forma acelerada após os 50 anos

A idade é o principal fator de risco para câncer de mama, e o número de casos aumenta de forma acelerada após os 50 anos, destaca o especialista. “Um estudo realizado por pesquisadores membros da SBM revelou que o risco de contrair a doença aumenta consideravelmente em mulheres na pré e na pós-menopausa, que apresentam ganho de gordura corporal, especialmente na região abdominal.”

Desta forma, a SBM “recomenda fortemente” uma alimentação saudável, com pouca ingestão de gordura e álcool, assim como incentiva a prática de atividades físicas. “A origem do câncer de mama é multifatorial e, portanto, todas as mulheres devem fazer exames periódicos para detectar lesões pré-cancerosas”. A partir dos 70 anos, segundo ele, “é quando mais morrem mulheres por câncer de mama”.

O diagnóstico precoce é importante: quanto menor o tamanho do tumor, menos agressivo será o tratamento e haverá mais chances de cura, podendo alcançar até 95%, observa o presidente da SBM.

“Atualmente, cerca de 60% dos tumores são descobertos já em estágio avançado, o que diminui as chances da paciente na luta contra a doença e não colabora para a redução da mortalidade.” Vale ressaltar que um tumor leva, em média, dez anos para alcançar 1 cm; depois desse período, a cada seis meses ele dobra de tamanho.

Lei dos 60 dias está sendo cumprida em apenas metade dos casos

Sancionada há três anos, a lei nº 12.732/12, que prevê que todo paciente diagnosticado com neoplasia inicie o tratamento no prazo máximo de 60 dias após o diagnóstico, está sendo cumprida em apenas 52,5% dos casos de câncer de mama no Rio de Janeiro.

Os números fazem parte de um levantamento feito entre junho de 2017 e junho de 2018 pela vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional do Rio, Sandra Gioia, que acompanhou 105 mulheres atendidas no Rio Imagem. Mas, quando o primeiro tratamento é a cirurgia, esse índice cai para 11%

“Esses resultados são apenas do Rio de Janeiro, mas sabemos que há dificuldade em praticamente todos os Estados para cumprir esse prazo”, pondera o presidente da SPM. Nesse caso, diz ele, só há uma saída: “A paciente deve procurar a Justiça”.

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