Com o aumento da taxa básica de juros (Selic) entre 2013 e 2015, os investimentos em renda fixa ganharam destaque por sua alta rentabilidade, ao contrário de opções mais conservadoras, como a poupança. Mas atenção na escolha da melhor aplicação financeira: como essas aplicações dispõem de mais liquidez, elas também oferecem mais risco.

A grande sacada para escolher a melhor aplicação financeira, principalmente após os 50 anos de idade, é avaliar o prazo de resgate da aplicação e a facilidade de converter o ativo em dinheiro, para que o orçamento doméstico não seja comprometido.

“Para pessoas a partir de 70 anos, por exemplo, não faz sentir escolher um título público com vencimento em 2035 ou 2050”, alerta Marcelo Cambria, professor de finanças da FECAP (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado). “Isso porque a venda da aplicação antes de seu vencimento pode trazer um grande prejuízo financeiro.”

Por outro lado, o especialista diz que um investimento com liquidez mais rápida, como a Bolsa, costuma ser de alto risco – o que esbarra no excesso de cautela que grande parte dos aposentados tem em relação ao dinheiro. “Esse costume se justifica pela dificuldade de entendimento dos produtos financeiros disponíveis no mercado atualmente.”

No caso dos investidores de 50 e 60 anos, o prazo de resgate deixa de ser tão importante quanto é para os mais seniores. No entanto, o hábito de consumo, o perfil de risco e o fluxo de caixa devem ser rigorosamente analisados para que as injeções financeiras não prejudiquem o orçamento doméstico. O aposentado deve considerar, principalmente, gastos emergenciais, com remédios e plano de saúde.

O aposentado que recebe o teto do INSS (R$ 5.189,82) e aplica 10% desse benefício mensal em títulos CDI por dez anos vai acumular R$ 130 mil no fim deste período

Segundo Joelson Sampaio, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas), existem boas opções de aplicações para esse público disponíveis, como tesouro direto, fundos imobiliários e títulos CDI (Certificados de Depósito Interbancário).  Conservadora, a poupança está com baixo rendimento, devido, principalmente, ao atual cenário de juros alto.

O tesouro direto é um dos investimentos mais seguros que existem, podendo estar atrelado à inflação – uma boa opção nos dias de hoje. “A desvantagem é que é cobrado IR (Imposto de Renda), e o prazo de resgate dos títulos pode inviabilizar a aplicação de parte das pessoas com mais de 60 anos”, pondera.

Com os imóveis em tendência de aquecimento, os fundos imobiliários estão novamente em alta. Além disso, os rendimentos mensais estão isentos de IR, e o investimento inicial é acessível. No entanto, é preciso pagar taxa de corretagem.

Por fim, “os CDI [empréstimos entre bancos] são ótimas opções para quem não tem tempo de acompanhar as mudanças da economia. Além disso, esses títulos tiveram uma grande valorização com o recente aumento da Selic”, analisa o professor da FGV.

Um aposentado que recebe o teto do INSS (R$ 5.189,82), por exemplo, e aplica 10% desse benefício mensalmente em títulos CDI por dez anos terá acumulado mais de R$ 130 mil no fim deste período, desconsiderando a inflação. Ou seja, conseguirá R$ 67,7 mil apenas em rendimentos.

Ainda que o mercado ofereça opções para investidores sêniores, Sampaio faz uma alerta: “O ideal é guardar dinheiro desde cedo para que a quantia renda aos poucos, o risco seja menor, e o investidor possa aproveitar os rendimentos quando estiver aposentado.”

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