Maravilhosa, incrível, amigável, perfeita. Todos esses adjetivos foram usados por hóspedes para descrever a professora aposentada Vera Maria Prado Alfaya, 64 anos, que, há um ano e dois meses, inscreveu-se na plataforma Airbnb, oferecendo vagas para quem quiser passar uns dias em sua casa, localizada em Pinheiros (zona oeste de São Paulo).

Ela segue a regra: as pessoas com mais de 60 anos são as mais bem avaliadas como anfitriãs. Um levantamento da plataforma, que reúne opções de acomodação em 191 países, mostrou que 52,7% dos hóspedes avaliaram a estadia na casa de pessoas 60+ com a nota máxima de cinco estrelas. Na população de 50 a 59 anos, o índice foi de 51,7%. Na de 40 a 49 anos, 49,6%.

A plataforma tem hoje 8.000 acomodações de anfitriões com mais de 60 anos de idade. A maior parte abre as portas de casa por questões relacionadas a fonte de renda (49%) – os preços variam conforme região, localização e facilidades, mas podem passar dos R$ 150 por noite. Outros 28% hospedam para conhecer pessoas novas e para manter interação e vínculo social.

É o caso de Vera, que tem dois filhos e mora sozinha. “Descobri que nasci para isso. Vem gente do mundo inteiro e conheço línguas, culturas e religiões diferentes”, explica ela, que fala inglês e francês e já recebeu hóspedes de países como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, França, África do Sul e Austrália. “A maioria das pessoas que fica em casa é do exterior.”

Quando hospeda alguém, a rotina começa cedo. De manhã, ela vai à padaria buscar pães frescos. Arruma a mesa de café da manhã, com frios, geleias, frutas e bebidas. Depois, pergunta se a pessoa precisa de ajuda para algo ou se quer conhecer a cidade. “Até numa mesquita fui parar com uma moça da África do Sul”, conta ela, rindo.

Quarto que a aposentada Vera Alfaya aluga para hóspedes; Crédito: divulgação.

Vera se lembra de uma vez que fez, no mesmo dia, um tour por locais como Mosteiro de São Bento, Pateo do Collegio e Catedral da Sé. Parou com a hóspede para almoçar e foram juntas para o Parque do Ibirapuera. Mais tarde, seguiram para uma exposição de Picasso.

Essa disposição em ajudar e acompanhar o visitante explica por que 78% dos anfitriões com mais de 60 anos de idade dizem se sentir fisicamente mais ativos quando recebem alguém em casa. Tem mais: 83% deles afirmam que a experiência os mantêm mais engajados socialmente, e 82% se consideraram mais conectados em termos sociais e emocionais, segundo o Airbnb.

A família de Vera aprova a experiência: “Eles acham bárbaro, adoram”. Ela também é fã da experiência. “Há pessoas que ficam meses aqui, porque vêm para estudar e permanecem por meses. Há uma relação de amizade.”

Mas Vera vai fechar a agenda por alguns dias. O motivo? Ela mesma vai passear. Para a semana que visitará Sintra, em Portugal, já reservou hospedagem. E no próprio Airbnb. Na escolha, levou em consideração o que a casa oferece e a localização – fora da cidade, em uma área de muito verde. Além, é claro, do perfil do anfitrião. “Quando a gente viaja, quer ser tratada bem.”

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