O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i), que mede a inflação para o consumidor da terceira idade, registrou alta de 2,81% no quarto trimestre de 2020. Nos 12 meses do ano, o acumulado foi de 5,69%. 

O resultado coloca o IPC-3i acima da taxa do Índice de Preços ao Consumidor - Brasil (IPC-Br), índice geral da população, que nos 12 meses de 2020 ficou em 5,17%.

O aumento foi impulsionado principalmente por quatro das oito classes de despesa que compõem o índice: 

  • Alimentação;
  • Habitação;
  • Vestuário;
  • Educação, Leitura e Recreação.

O grupo Alimentação apresentou a maior variação de taxa, passando de 2,74% para 5,91%. Destaque para o preço de hortaliças e legumes, que variou 15,79% no quarto trimestre, ante -17,05% no trimestre anterior.

Outros grupos que contribuíram para o aumento do IPC-3i foram Habitação (de 1,72% para 3,40%), Vestuário (de -0,73% para 0,54%) e Educação, Leitura e Recreação (de 4,65% para 5,40%). 

Os principais itens dentro dessas classes de despesa foram tarifa de eletricidade residencial (de 3,91% para 11,68%), roupas (de -1% para 0,54%) e cursos formais (de -2,04% para 1,76%).

Alta na inflação preocupa famílias

Não é de hoje que as projeções oficiais têm preocupado as famílias brasileiras. Em dezembro de 2020, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou os valores do Índice Geral de Preços –10 (IGP-10). O indicador teve, em 2020, taxa de 24,16%, a maior elevação desde 2002, quando a taxa foi de 24,68%.  

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em um ano o IPCA acumula alta de 4,31%. Um percentual maior do que os 3,92% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Segundo o BC, o número extrapola, pela primeira vez, o centro da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, de 4%. 

Alta na inflação é momento de repensar gastos e refazer orçamento | Tero Vesalainen / Shutterstock

Crédito: Shutterstock

Conforme a projeção, a tendência é de que a inflação siga mais alta em 2021. O índice para o próximo ano está projetado em 3,34%. Porém, segundo o governo, a alta mais forte deve ser temporária. 

Em reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (Bacen) considerou que a inflação em dezembro deverá continuar alta, com o índice puxado em grande parte por gastos com mensalidades escolares. O aumento na bandeira tarifária da conta de luz também deve ser fator para a alta.

De acordo com a ata da reunião, “Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que os choques atuais são temporários, mas segue monitorando sua evolução com atenção, em particular as medidas de inflação subjacente”.

Mas, afinal, o que significa uma alta na inflação?

O planejador financeiro João Gondim explica que o conceito de inflação é simples: um aumento generalizado de preços.

“Imagine que você vai ao supermercado e enche o carrinho com R$ 100 em compras. No mês seguinte, você pega os mesmos itens do mês anterior e soma o preço dos produtos. Se der R$ 102, você teve uma inflação de 2%”, exemplifica.

Gondim explica que há produtos que influenciam mais na alta da inflação. É o caso de alimentos, combustíveis e energia elétrica. “Quando esses produtos aumentam, impactam em toda a cadeia produtiva”, diz.

O especialista destaca que sempre haverá alta na inflação. O problema é quando ela foge do controle. 

“A inflação é um sintoma natural da economia quando ela está crescendo. É como uma febre: até 37°C ela ajuda no combate à infecção, mas se chegar a 40°C vai fazer tão mal quanto a própria doença. A inflação na casa dos 3% é normal e sempre vai acontecer. Se estiver muito alta, pode ser ruim para a economia”.  

Leia ainda: Você sabia que existe inflação da terceira idade?

E de que forma a alta na inflação impacta na minha vida?

Uma inflação mais alta vai impactar no custo de vida das pessoas. Por isso, é preciso estar atento às notícias econômicas e identificar os ciclos de alta e de baixa dos preços. 

Porém, João Gondim ressalta que para manter a cabeça tranquila e as finanças em ordem diante das instabilidades, nada melhor do que ter controle financeiro constante.

“À medida que a idade avança, é possível repensar os hábitos e se eles estão de acordo não apenas com a condição financeira, mas com as necessidades reais de cada pessoa. Por exemplo, a pessoa idosa não vai precisar trocar de carro com muita frequenta, já que não utiliza tanto quanto uma pessoa mais jovem. Por outro lado, outras despesas, como as de saúde, vão aumentar. Então é importante que a pessoa tenha ponderação”, afirma o especialista.

Alta na inflação leva idosos a repensarem gastos no supermercado | Ljupco Smokovski / Shutterstock

Crédito: Shutterstock

O que fazer diante da alta na inflação?

Ter um orçamento familiar

Se você já não tem uma ferramenta de controle financeiro, agora ela é ainda mais imprescindível. Para equilibrar as contas, você primeiro tem que ter a real noção do seu orçamento familiar.

Ou seja, saber quais são e quanto custam suas contas fixas, além de qual o valor total real da sua renda a cada mês.

Enxugar as contas

Hora de analisar quais gastos são supérfluos e podem ser cortados do seu orçamento familiar.  Se não for possível cortar um gasto completamente, veja se consegue ao menos reduzi-lo. 

Por exemplo: você pode entrar em contato com sua operadora de telefonia para verificar se é possível alterar o plano para um que seja mais em conta.

Pesquisar e pechinchar

Em tempos com inflação alta, pesquisar preços é essencial. A conta do supermercado pode ficar mais barata se você aproveitar as promoções, por exemplo. Porém, o planejador financeiro destaca que ir ao mercado todos os dias pode não ser uma boa estratégia:

“Cada vez que você vai é uma oportunidade para lembrar de algo que precisava, então vai incluindo itens no carrinho. O melhor é fazer uma lista e ir no máximo uma vez por semana”, afirma. 

O mesmo vale para as contas de farmácia.


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