Tomar banhos rápidos, fechar o chuveiro enquanto estiver se ensaboando e juntar uma quantidade adequada de roupas para usar a máquina de lavar e o ferro de passar de uma só vez são algumas das maneiras mais conhecidas para economizar água e energia – confira aqui um manual elaborado pelo Procon.

“São bem acessíveis e costumam funcionar, mas são generalistas”, opina o matemático e consultor financeiro Pablo Ganassim, professor da Escola Superior de Engenharia e Gestão. “Algo que realmente pode impactar e reduzir o consumo é realizar um estudo sobre o quanto de água e energia consumimos diariamente. Isso significa um olhar direcionado para cada situação”, ensina.

E isso, afirma, é bem mais simples do que parece. São três passos:

Primeiro, comece olhando para as contas mês a mês, para entender o quanto se gasta com água e energia elétrica. Em paralelo, comece a registrar os hábitos dos usuários: “No começo, vai pode parecer um pouco trabalhoso, mas esse raio x é que vai apontar os vilões do consumo”.

Aí vem o segundo passo, que é analisar as atividades e rotinas para identificar quais estão fazendo o consumo crescer. “Por exemplo, você pode descobrir que está usando a máquina de lavar roupas três vezes por semana, mas que poderia juntar as roupas e fazer o serviço em duas lavagens.” Essa simples reprogramação já vai ajudar a economizar água e energia.


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O terceiro é desenvolver maneiras para diminuir suas despesas – afinal, gastar bem é um dos pilares da longevidade financeira. “E isso não inclui só usar água e energia de maneira mais racional. É importante também mudar a atitude e a consciência dos usuários, pois só assim se internalizam novos hábitos. Cuidar bem do seu dinheiro e usar os recursos naturais com sabedoria e racionalidade é zelar pela natureza e pela vida.”

As pequenas economias que fazemos com água e energia não devem ser avaliadas em um curto espaço de tempo, mas sim a longo prazo, diz o consultor financeiro. “E, para percebê-las, o ideal e ter um planejamento e um orçamento mensal das contas e fazer a análise anual dos valores. Certamente, você vai se surpreender quando somar tudo que poupou ao longo dos meses”, sinaliza.

Economizar energia: de olho na bandeira tarifária

No caso da energia, explica o advogado, economista e consultor financeiro Alessandro Azzoni, é importante estar de olho na bandeira tarifária que está sendo aplicada, pois, mesmo mantendo o consumo usual, a conta pode ficar mais cara. “E, dependo, vale a pena dar uma apertada nas metas para não ter uma surpresa com o valor e estourar o orçamento do mês”, complementa Ganassim.

Desde 2015, as contas de energia passaram a ter o Sistema de Bandeiras Tarifárias, nas modalidades: verde, amarela e vermelha. Elas indicam se haverá ou não acréscimo no valor da energia a ser repassada ao consumidor final, que decorrem das condições para a geração de eletricidade. As características são:

Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo.

Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,015 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos.

Bandeira vermelha - Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,040 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido.

Bandeira vermelha - Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,060 para cada quilowatt-hora (kWh) consumido.

Por isso, uma economia de 10%, que aparentemente é pequena, “pode ser incrementada pela bandeira tarifária e ser ainda maior pelo efeito em cascata”, pontua o economista.

E exemplifica: “Ao diminuir o consumo de 150 kWh para 135 kWh, a redução seria de R$ 9,33 em um mês ou R$ 111,96 em 12 meses, ou seja, em um ano de consumo, você teria um conta grátis e 33% de outra; e, se aumentasse essa redução, poderia chegar a duas sem pagar”.

Além de ficar de olho na conta, para ela não extrapolar a meta orçamentária, Ganassim diz que é preciso estar atento se um aumento repentino não é sinal de que há um equipamento em mau funcionamento: “O pior é que muitas vezes ele não para de funcionar e não nos damos conta de que seria adequado uma manutenção. Enquanto isso, o consumo aumenta sem necessidade”.

Os vilões de consumo de energia

O chuveiro elétrico é o grande vilão da conta de energia. Quando a temperatura da água está no modo inverno, por exemplo, pode aumentar o consumo em até 30%, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica.

Trocar seu antigo por um novo, que já vem com padrões do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), é um investimento a ser considerado, avalia o economista. “Os novos produtos estão vindo com aeradores, que são bico de borracha que misturam ar à saída de água, fazendo que você tenha a sensação de abundância, mas com 1/3 do consumo de água”, explica. “Só tome cuidado para não se esbaldar, pois a energia estará rodando.”

Se não é possível trocar o chuveiro para um sistema de aquecimento mais econômico, algumas atitudes podem reduzir o gasto com ele, enumera o matemático: banhos mais curtos, fechar o registro enquanto se ensaboa e usá-lo no modo verão consomem menos energia – e água! Além disso, a manutenção também é importante: manter limpo os buracos por onde passa a água e a resistência em ordem vão deixá-lo mais eficiente.

Mas o chuveiro não é o único vilão. O ar-condicionado é outro equipamento que precisa de atenção. De acordo com o Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética, ele pode consumir até dez vezes mais energia que um ventilador. “Cuidados para que a instalação seja adequada e correta, manter o ambiente fechado e limpar os filtros do aparelho dão condições para um funcionamento mais eficiente”, enumera Ganassim.

Para economizar na conta de luz, também deve-se priorizar o uso de lâmpadas fluorescentes ou LED, que economizam até 75% de energia em comparação à lâmpada comum (incandescente). Azzoni recomenda desconectar da rede elétrica tudo que esteja fora de uso – como abajur, computador e TV –, pois consomem energia mesmo desligados. “Na regra, todo equipamento, por mais simples que seja, que esteja plugado na tomada consome 1 watt hora, portanto deixe somente os essenciais, para evitar os gastos desnecessários.”

Economizar água: atenção na média de consumo 

A tarifa de água no Brasil é fundamentada em três pontos: tarifa mínima, tarifa social e faixas de consumo e localização.

A tarifa mínima é cobrada mesmo que o imóvel esteja fechado e sem consumo de água, e a social é destinada à população de menor poder aquisitivo.

As faixas de consumo e a localização dependem dos tipos de consumidores, que são, normalmente, comercial, industrial, residencial e social.

economizar água e energia

Crédito: BlurryMe/Shutterstock

Ficar de olho na conta é fundamental, pois “sempre que se vai para a faixa seguinte, além de estar aumentando o consumo de um recurso natural, certamente pagará mais caro por metro cúbico (m³)”, pontua o matemático. “De forma bem simples”, exemplifica, “dobrar o consumo pode mais que dobrar a conta”. 

Também é importante verificar se o medidor está girando mesmo com o registro de entrada fechado. “Se acontecer, significa que o equipamento está com problema; as empresas distribuidoras estão fazendo a substituição dos relógios de medição, e os novos medem tudo que passa pelo cano, ou seja, até o ar que fica na tubulação da rua, por isso fique atento”, alerta. 

Os vilões de consumo de água

Dois grandes vilões do consumo doméstico de água são o banheiro e a cozinha/lavanderia. “Banhos longos, descargas desreguladas e torneira aberta ao escovar os dentes e ao fazer a barba desperdiçam muita água e aumentando o consumo”, afirma Ganassim.

“Aquele momento de relaxar debaixo do chuveiro pode representa em média 36% do consumo da conta de água”, adverte Azzoni. Ele também alerta para o vaso sanitário, responsável por 26% do consumo: os com caixa acoplada gastam, em média, de 6 a 8 litros por descarga, enquanto as de parede podem aumentar o consumo para 14 a 20 litros.

Na mesma linha dos chuveiros, o educador financeiro recomenda trocar as torneiras de cozinha, banheiros, quintal e lavanderia pelas equipadas com aeradores. “Uma torneira aberta por 1 minuto, dependendo do diâmetro do cano, pode chegar de 5 a 20 litros de vazão; com aerador, pode ser reduzido a 2 litros.” 

Na cozinha, limpar os pratos e remover resíduos antes de lavá-los e não deixar a torneira aberta enquanto ensaboa a louça ajudam a economizar água. “Nesse sentido, as lava-louças, quando usadas na capacidade máxima, trazem ótima economia. O mesmo com as lava-roupas: acumular o máximo possível para otimizar a lavagem é sinônimo de economia de recursos”, ensina o matemático.

Atenção nas contas para economizar água e energia

Acompanhar mês a mês o consumo é o conselho dos dois especialistas para economizar água e energia, assim como ficar de olho na leitura do hidrômetro e do relógio de luz. “Controlar pelo valor é muito difícil, pois aumentos nos valores das tarifas são constantes, mas isso, muitas vezes, não quer dizer aumento de consumo de energia”, sinaliza o economista.

“Se não houver motivação para um aumento, o consumidor pode estar tendo perda: na água, pode ser um pequeno vazamento na caixa acoplada do vaso sanitário ou o pinga-pinga de uma torneira [durante um dia inteiro, ela pode desperdiçar mais de 20 litros de água]; na energia, pode ser curto ou algum equipamento com problema”, exemplifica. 

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, “as concessionárias de serviço público essencial são obrigadas a fornecer um serviço adequado, eficiente, seguro e contínuo”, incluindo “informação adequada e clara sobre os serviços contratados e a proteção contra práticas abusivas”, informa o Procon. Em caso de impasse com a empresa prestadora do serviço, a recomendação é procurar a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do seu Estado.

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