Você pode até não se dar conta disso, mas o último dia do mês tem tudo a ver com a sua longevidade financeira. Especialmente se tem carteira assinada e vai receber a primeira parcela do décimo terceiro salário.

Se você via esse dinheiro apenas como uma graninha a mais para gastar no fim do ano, aí vai uma notícia importante: ele é bem mais do que isso. É o que explicam a terapeuta financeira Aline Soaper e o coordenador do curso de ciências contábeis da Anhanguera Osasco, Marco Antonio Cordeiro.

Esse valor “é um direito do trabalhador, um benefício depois de 12 meses de trabalho e por isso vale a pena planejar para usar bem”, pondera Aline. Vale dar atenção especial à primeira parcela. A segunda não é tão polpuda, já que são descontados os valores previdenciários e o de Imposto de Renda.


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“O bom uso do décimo terceiro salário pode ser a chave para ingressar na educação financeira e, assim, assumir o papel de gestor de seus recursos, pagar as contas em dia e poder efetuar investimentos para realizar sonhos de curto, médio e longo prazos”, considera Cordeiro.

Quando você começar a perceber que consegue poupar, terá mais motivação. “Sentimos prazer em viver um novo status, deixamos de ser tomadores para ser investidores. Eu costumo dizer que dinheiro não traz felicidade, mas a falta dele rouba a nossa paz”, filosofa ele.

O que fazer com a primeira parcela do décimo terceiro

1. Organize-se

Você vai dizer que é chavão, já que todo mundo diz para ter anotadas as receitas e as despesas. Mas como é que se pode pensar em gastar o décimo terceiro salário sem saber quanto sobra ou falta no mês e qual é a projeção para os próximos meses? E, sim, sabemos que começar a monitorar tudo o que entra e o que sai da conta pode ser chato. Mas esse é o primeiro passo para gastar bem e investir melhor.

“Como bom princípio de educação financeira, [é preciso] ter um orçamento familiar das despesas mensais e conhecimento total dos endividamentos, ou seja, dos compromissos de longo prazo, e também das inadimplências, que são as despesas que não foram pagas em seus vencimentos”, recomenda ele.

2. Escolha o que quitar

“Se durante 2019 você se atrapalhou financeiramente e acabou com contas em atraso, o décimo terceiro deve ser a oportunidade de fazer esse ajuste e colocar tudo em dia”, recomenda ele. O coordenador lembra ainda que esse dinheiro não é uma renda extra. “Faz parte de um ajuste de prazos em relação à quantidade de semanas do ano.”

3. Priorize a dívida certa

Não é uma boa fazer dívidas e esperar para pagar com a primeira parcela do décimo terceiro, segundo Aline. “O ideal é não tê-las”, diz. “Se a pessoa já está endividada, pode ser uma boa estratégia reduzir as dívidas” com ele.

Para a terapeuta financeira, se houver a oportunidade de pagar várias dívidas, o ideal é começar pelas essenciais, como energia e aluguel. “Depois, as que têm garantia real, como financiamento de imóveis e carros, porque se você não pagar eles podem retirar o bem.”

4. Antecipe pagamentos

Verifique se é vantajoso quitar débitos com antecedência. Como? Cordeiro ensina: “Deve-se avaliar se o valor do desconto na antecipação dos pagamentos, em relação ao ganho de uma aplicação financeira, será maior”.

Ele conta que há financiamentos, como alguns de veículos, em que a antecipação da última parcela dá 50% de desconto no valor. “Dessa forma, vale a pena simular a antecipação de três ou quatro parcelas finais do carnê.”

5. Guarde uma parte para as contas de 2020

Agora pode até estar sobrando algum dinheiro. Mas deixe o começo do ano que vem começar para você ter aquele susto. IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) consomem uma boa fatia da renda – e pagar antecipado vale a pena.

“O desconto para pagamento à vista, geralmente, contempla 3%, e a poupança rende, em média, 6,15% ao ano. Então, você consegue ganhar metade do rendimento da poupança em apenas um mês antecipando os três meses de parcelamento do IPVA ou os dez meses de IPTU. Em algumas cidades ou estados, o desconto pode ser até superior a 3%”, compara ele.

6. Crie uma reserva estratégica

“Se você já fez uma autoanálise e percebeu que seu humor se altera, que seus relacionamentos ficam mais difíceis e que sua energia acaba, tudo por conta da falta de dinheiro, guardar o décimo terceiro pode ser uma ótima estratégia para contornar esse problema”, diz o coordenador do curso de ciências contábeis.

O recomendado é ter uma quantia guardada para os meses de vacas magras. “Mesmo a Selic estando em baixa e a poupança rendendo pouco, a reserva é para cobrir a falta e não atrapalhar as outras coisas da vida”, diz ele, acrescentando que esse recurso “é o socorro, não irá configurar como investimento, e a sugestão é a poupança mesmo, até pela facilidade de resgate”.

7. Invista com sabedoria

Aqui está o grande ponto de virada: é preciso encarar o “décimo terceiro salário como agente transformador do seu status no mercado financeiro”, resume ele. E completa: “Você que sempre foi tomador de recursos, precisou de empréstimos e de cheque especial e pagou juros, que tal experimentar ser um investidor?”.

“Ao assumir o status de investidor, você pode se comprometer em fazer seus investimentos crescerem ao longo de 2020, e passar a ter disciplina para todo mês direcionar uma parte de sua renda para investimentos”, ensina o especialista.

Nessa decisão, será preciso avaliar seu perfil de investidor, avaliando se você comporta mais ou menos riscos. Para Cordeiro, pode-se pensar em um mix de tesouro direto, renda fixa, poupança e até ações. “Comece a experimentar e a se familiarizar com cada produto, para ter experiência no mercado financeiro”, orienta ele.

8. Pesquise antes de comprar

Se, no entanto, na sua lista de prioridades estão os presentes de Natal, a dica é pesquisar bastante os preços e ter um valor definido em mente. “Lembrando que há a liquidação de janeiro, pagar à vista sempre tem desconto e não ter vergonha de pedir desconto; é desta forma que você consegue fazer sobrar mais dinheiro”, finaliza ele.

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