A experiência de se aposentar é diferente para cada tipo de sociedade e segundo o seu grau de desenvolvimento. 

Trata-se de um fenômeno complexo porque, dentro de uma mesma sociedade há grupos e subgrupos, com suas múltiplas diferenças. Deste modo é uma temeridade afirmar qualquer coisa sobre o aposentado brasileiro. Isso é somente uma figura de linguagem. 

Vamos falar, portanto, de pessoas e profissionais que se aposentam em diferentes condições e, também com diferentes expectativas e perspectivas de vida, segundo categorias socioprofissionais.  

Aposentadoria é algo que acontece em meio a uma trajetória de vida. Há quem se aposente muito jovem, por causa da insalubridade do trabalho que exerce. Há quem se aposente por doença. E há quem se aposente por idade. Outros, se aposentam segundo as regras do fundo de pensão de que participam. E há quem não se aposente jamais.  

Pessoas que têm boa saúde e possibilidade de se cuidar, de modo geral vivem mais, o que significa que terão um tempo de aposentadoria maior. Porém as coisas não são assim tão simples. Vejamos: uma pessoa de grandes posses pode ingressar no mercado de trabalho bem mais tarde que uma pessoa nascida na pobreza.  

Aposentar-se antes também não significa ficar parado por mais tempo, porque quem formou uma segunda ou terceira família, mesmo estando na idade da aposentadoria, ainda terá filhos pequenos para cuidar. E pessoas cujos filhos são dependentes poderão nem conseguir usufruir daquilo a que fazem jus pela aposentadoria.  

Filhos e filhas desempregados recorrem a seus pais. Pior, existe aqueles que nem se mexem para melhorar de vida e que são uma das causas mais recorrentes no contexto familiar de aposentados e aposentadas que, preocupados, sustentam os netos e dão casa e comida para os marmanjos abusados, tudo de graça. 

Estudos aprofundados demonstram que, se a pessoa é por demais afetuosa e solidária aos seus, a ponto de dar tudo de si para seus parentes e agregados, vai acabar morrendo na pobreza, porque deu tanto e tanto, que na hora da necessidade não consegue reaver seu dinheiro nem seus bens.  

A questão é muito complexa e arriscada, o que torna necessário desenhar um projeto de vida antes da pessoa se aposentar e sair distribuindo tudo aquilo que conquistou pensando numa velhice tranquila e segura.  

Em ordem decrescente podemos dizer que professores, profissionais liberais, profissionais dos quadros superiores de uma empresa, técnicos especialistas do setor privado e, pessoas de posse e com mais instrução poderão desfrutar de um tempo estimado de aposentadoria de 35 a 40 anos. E, mesmo assim, muitas não poderão parar de trabalhar. 

Numa faixa intermediária, funcionários públicos e empregados do comércio têm uma expectativa de vida um pouco menor, depois de se aposentarem. E aqueles que trabalham como artesãos, que são trabalhadores de escalões inferiores, os agricultores, os chamados mão de obra braçal – os que pegam no pesado, como se diz - praticamente não chegam a envelhecer. Para estes, aposentadoria é o fim. 

Podemos dizer, então, que a aposentadoria, além de ser um direito do trabalhador, é algo que acontece independentemente da idade cronológica e na dependência da qualidade de vida que se leva. E que, não para todos, significa envelhecer. 

Estipular, portanto, a idade cronológica como idade de corte para deflagrar o momento de se aposentar, nem de longe atende à diversidade do vasto contingente de pessoas que se aposentam nas mais diferentes condições. Ela é válida para atender a políticas públicas nas esferas administrativas e prever cenários futuros. 

Se você está sentindo que a sua vez está próxima ou já chegou, pense com clareza na sua condição e em qual é o seu sonho em relação a se aposentar: parar ou continuar a trabalhar? Já avaliou seus riscos em potencial e tomou a sua decisão? 

aposentadoria

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