Caso você tenha se aposentado com ‘algum’ no bolso, deve ter-se dado conta de que pessoas que até então nunca haviam se aproximado, agora passaram a tratá-lo com muita consideração.

Sobrinho ou amigo pode ter-lhe oferecido um negócio imperdível, já muito bem estudado, um negócio que daria retorno em não mais do que 14 meses. Você entraria com o dinheiro – sob alguma forma de garantia – e a pessoa entraria com o conhecimento. Enfim, o risco seria todo seu.

Gerente de conta, que desfilou seus melhores produtos e aplicações, mas só para clientes VIP como você, em cujo rol agora foi incluído. Haja bajulação. Alguém, simplesmente desejoso de botar a mão nesse dinheiro – o do acordo - proporá reformas em imóveis, pintura nova da casa, carro novo, um cruzeiro com a família.

Os olhos dos familiares passaram a brilhar mais e, no clube não terão faltado os especuladores. Os filhos quererão saber com quanto o pai saiu – pensando, é claro, na possibilidade de ir estudar fora – e a própria esposa vai querer – quase todas – tirar a barriga da miséria e fazer as compras tão sonhadas. Maridos folgados, então, vão folgar ainda mais.


Preocupado com a sua aposentadoria? Acha que o valor não vai ser suficiente? Clique aqui e conheça os planos de previdência da Mongeral Aegon.


Se você é mulher, também não faltarão as mesmas propostas, além das quais agora - na visão de suas irmãs e irmãos, filhas e que tais - você terá que estar mais com os seus pais e/ou com os seus netos, o que não podia antes, por conta do seu trabalho.

Por alguns meses, o aposentado endinheirado será tratado feito noivinha. Todo mundo querendo beijar e afagar seus ombros. Onde a pessoa terá aplicado o seu dinheiro e, quem sabe a compra de um imóvel, em prazo dilatado, não lhe garantiria maior ganho de capital? O mercado está para quem compra, neste momento e, à propósito, conheço alguém que está enforcado, vendendo um apartamento muito bem situado, a preço de banana. Como se banana fosse barato. Tempos passados.

A questão é que, quando o dinheiro sobra, a cobiça comparece e é necessário redobrar os cuidados. As mídias são pródigas em passar ad nauseam cenas de aposentados e velhinhos que são assaltados nas saidinhas.

Além dos golpes por telefone, que filho foi sequestrado, que sobrinho sofreu acidente e tudo o mais, o pior dos golpes é aquele desfechado no seio da família, por pessoas próximas a quem é difícil dizer não. Filhos, irmãos e cunhados. A cobiça não respeita idade nem posição ou ordem de nascença.

Difícil dizer não a um filho desempregado. Difícil dizer não a um filho drogado. Difícil dizer não a uma cunhada que vem sendo maltratada pelo marido. Difícil dizer não ao primo com quem foi criado e agora está sendo explorado pela ex, alguém da família que está com o nome sujo e o dramalhão está montado, sendo sobejamente encenado para amolecer o coração dos demais.


Notícias, matérias e entrevistas sobre tudo o que você precisa saber. Clique aqui e participe do grupo de Whatsapp do Instituto de Longevidade!


O mundo, inclusive o universo familiar, está saturado de oportunistas que, pelos mais diferentes motivos, querem fazer parte e abocanhar a colheita, sem porém terem participado do plantio. São os que não têm sorte. Os que não deram certo. A legião dos coitados. São hábeis pedintes e péssimos pagantes.

São tão bons em manipular a visão e os sentimentos alheios que, quem emprestou fica com vergonha de pedir de volta, porque a vergonha na cara que deveria ser deles, não é nem de longe trajada. Cheques sem fundo e empréstimos sem papel assinado. Tudo apalavrado. Cumprido por você, mas quando chega a vez deles pagarem de volta – e sem juros, porque teria sido sacanagem sua cobrar juros de um familiar – eles se afastam e você é quem vira o malvado da hora.

Por vezes tenho a impressão de que o mundo se divide em dois partidos: o dos credores e o dos bons pagadores. Cuidado. Ter dinheiro em mãos pode gerar a ilusão de que se tem a ‘obrigação’ de ajudar os outros. Ser mão aberta pode lhe custar muito caro lá na frente. Depois de se aposentar, você terá pelo menos 30 anos pela frente para viver.

Emprestar? Seja para quem for, somente com uma garantia executável. Documentos se prestam a isso e, consultar um bom advogado sai mais barato do que aquilo que você haverá de perder se negligenciar o seu dinheiro, que não aceita desaforos.

Empréstimo é negócio. Família é família, negócios à parte. Assinar contratos e reconhecer as firmas deixa feliz quem é do bem. Fazem cara feia e reclamam somente aqueles em quem não devemos nem podemos confiar. Cuidado!

Compartilhe com seus amigos