Fazia um ano e meio que José Antônio de Oliveira, 61 anos, estava desempregado. Nesse período, até havia recebido alguns convites para entrevista. “Quando você fala [a idade], dá para perceber que ter 55, 60 anos é um empecilho”, considera. Diz que não chegou a desanimar enquanto buscava uma oportunidade. “Mas, às vezes, voltava para casa perguntando: ‘Onde foi que eu errei?’.”
Em dezembro do ano passado, foi chamado para uma entrevista na TOTVS. A empresa brasileira de tecnologia estava dando início ao programa Geração Sênior, de criação de vagas de emprego para pessoas acima de 55 anos. Dois meses depois, começava a trabalhar na área de suporte ao cliente, com colegas cuja média de idade “não chega aos 28 anos”.
O que começou como um piloto tornou-se parte do DNA da TOTVS. Nesse processo, a troca de experiência entre os mais jovens e os mais velhos foi determinante. Hoje, além de José Antônio, há outro profissional sênior, na área de facilities – 70% da equipe é da geração Y, nascida entre 1980 e meados de 1990.
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Segundo a empresa, como os profissionais mais jovens têm pouca bagagem no mundo corporativo, trabalhadores com mais de 55 anos acabam exercendo também a função de coach. José Antônio virou ponto de referência de como lidar com situações diferentes: “Aprendo com eles em relação a tecnologia e eles aprendem comigo sobre postura no atendimento, entender o problema e dar retorno para o cliente”.
O comprometimento também chamou a atenção da companhia. Durante uma sequência de feriados, por exemplo, o profissional evitou folgar. Um dos clientes que atende estava em processo de transição e ele queria garantir que tudo daria certo.
Esse intercâmbio foi além – e chegou até a forma de se vestir. José Antônio, que antes ia trabalhar de calça social e camisa, adotou o “dress code” dos colegas: bermuda e camiseta. “Existe um bom relacionamento profissional e uma relação pós-horário de trabalho. Tem happy hour, jantar. Vamos almoçar juntos ou a aniversários no fim de semana”, diz ele.
Para José Antônio, mais empresas deveriam criar programas de vagas de emprego para pessoas acima de 55 anos. “A avaliação deveria ser sobre conhecimento, não pela idade. Você está bem, tem condição de assumir aquela vaga. Nessa idade você está produtivo”, afirma. “O paradigma da idade tem que ser quebrado.”
Segundo a TOTVS, há novas demandas de vagas de emprego para pessoas acima de 55 anos para 2018. A empresa, no entanto, não informou o número de postos que devem ser ocupados por esses trabalhadores no próximo ano.
Interessados podem cadastrar currículo pelo site da TOTVs: https://www.totvs.com/trabalhe-conosco.
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