“Sonhos não têm idade”, afirma o administrador César Souza, um dos maiores especialistas em cultura da criatividade, gestão de pessoas, estratégia e liderança. Ele mesmo, aos 50 anos, deu uma guinada em sua bem-sucedida carreira corporativa para abrir um “ateliê de ideias”: o Grupo Empreenda.

Agora, aos 64 anos, com uma bagagem de mais de 5.000 clientes de pequeno e médio portes, o consultor lança a plataforma de ensino a distância EdE-Espaço do Empreendedor _ e vai oferecer benefícios especiais aos associados do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon. Clique aqui e veja mais detalhes.

Inspirada no best-seller de sua autoria “Você É do Tamanho dos Seus Sonhos”, a EdE diagnostica e capacita, em 24 horas, 7 competências básicas de um empreendedor: autogestão; clientes; parceiros; pessoas; processos e sistemas; plano de negócios e resultados. Com muitos exercícios e depoimentos.

Para o guru, qualquer hora é hora para começar a inventar o futuro. Mas recomenda cautela para não “implementar um sonho na contramão do momento” e “transformá-lo num pesadelo”. E também não se deixar abater por adversidades. “Necessidade e oportunidade, às vezes, andam de mãos dadas”, diz.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Todos nós temos sonhos, independentemente da idade?

Sim, sonhos não têm idade, não envelhecem nunca. Meu primeiro sonho foi aos 9 anos, quando montei uma fábrica caseira de pipas na Bahia. Aos 30, cultivei o sonho de trabalhar nos Estados Unidos. Passei lá 11 anos, com sucesso profissional que me deu uma autoconfiança muito grande. Sonhei em constituir família e ter filhos. Hoje tenho três.

Aos 50, sonhei em montar uma consultoria diferenciada no Brasil. Tenho estado muito feliz em ajudar empresas e líderes no seu desenvolvimento. Aos 64, continuo sonhando, agora em consolidar o EdE-Espaço do Empreendedor, que visa viabilizar o sonho empreendedor brasileiro. Assim, minha trajetória é um exemplo vivo de sonhos em diferentes etapas da vida.

Qualquer hora é hora para começar a inventar o futuro?

Sim, não podemos escolher hora nem nos deixar abater por adversidades. Sonhar é inventar o futuro, não é ficar especulando sobre como ele será. Veja o caso da judoca Rafaela [Silva], que ganhou o ouro olímpico. Essa moça sonhou e inventou o futuro: da Cidade de Deus para o mundo. E contou com o [ex-judoca e medalhista olímpico] Flavio Canto para apoiá-la. Meu querido amigo Ozires Silva fundou a Embraer e hoje, como reitor da UniMonte, aos 80 e poucos anos, continua sonhando alto e contribuindo para a melhoria da educação no Brasil.

Sonho é uma palavra para se pronunciar no plural, com o cuidado de não perder o foco

Os sonhos podem ser um remédio para desânimo, tristeza ou até mesmo depressão?

O sonho é um verdadeiro antídoto contra depressão, crise, tristeza. Quando a gente estabelece objetivos a conquistar, sonha com algo nobre, direciona a energia para a conquista e não se deixa abater por momentos ou situações adversas. Os sonhos dão significado à vida das pessoas. Dão um senso de propósito.

É preciso sonhar um sonho de cada vez? Ou podemos escolher objetivos múltiplos? Como priorizá-los?

Temos várias dimensões na vida: saúde, família, cidadania, amigos, realização financeira, profissão, empreendedorismo, vontade de realizar. Para cada dimensão, devemos sempre ter pelo menos um sonho. O que precisamos é ter um sentido de prioridade para não perder o foco.

Exemplo: em 2017, minha prioridade é abrir um negócio e trabalhar por conta própria, pois este é meu sonho profissional, após passar 20 anos trabalhando como funcionário em uma empresa. Mas, em 2018, talvez o maior sonho seja reequilibrar a saúde. Ou resgatar laços familiares que se esgarçaram ao longo dos 20 anos que me dediquei a uma empresa.

Cada caso é um caso. Mas sonho é uma palavra para se pronunciar no plural, com o cuidado de não perder o foco.

Projetos são sonhos com data marcada?

Sim. Sonhar é fácil, difícil é realizar o sonho. Requer disciplina, determinação, coragem e planejamento. É preciso transformar seu sonho em um projeto, senão ficará apenas no campo das intenções.

Quais são os obstáculos mais comuns que precisam ser superados para a realização de nossos sonhos?

Tempo, necessidade de sobreviver, medo de errar, acomodação, falta de crença no sonho, de autoconfiança, de apoio de pessoas relevantes.

“Um amigo fez carreira e chegou a diretor de manutenção numa multinacional. Mas o sonho era uma oficina mecânica. Montou e rejuvenesceu 20 anos” 

Muitas pessoas sacrificam o presente e dedicam a vida para acumular patrimônio. Dinheiro traz ou não felicidade?

Sacrificar sonhos para acumular patrimônio? Pode ser uma estratégia durante um período, desde que, em algum momento, você desengavete seu sonho e transforme-o em realidade. Conheço varias pessoas acima dos 50 anos de idade que dedicaram 30 anos a uma empresa, sacrificando prazeres, sonhos e o presente para construir um patrimônio, criar uma família.

Mas chega um momento que vale a pena mudar e resgatar o sonho. Um amigo fez carreira e chegou a diretor de manutenção em uma multinacional. Mas seu sonho era uma oficina mecânica. Montou e rejuvenesceu 20 anos, está bem mais feliz.

Na prática, como tirar os sonhos do papel e transformá-los em ações concretas?

Com muita disciplina, determinação e coragem. Com planejamento. Mobilizando aliados. Fazendo test-drive. Tendo um bom "plano B".

Os sonhos de quem tem 20, 30 ou 40 anos são diferentes dos sonhos de quem tem 50, 60, 70 anos?

Sim. As pessoas com 50 + (eu sou uma delas) cresceram com certas crenças e valores. A turma dos 20 aos 40 já cresceu com outros valores. E os valores afetam os sonhos. O sonho da casa própria já não é tão importante na era da “uberização” das coisas.

“Simples assim: perdeu o emprego? Crie a oportunidade!”

A recessão atingiu fortemente o Brasil. Como reagir para não engavetar os sonhos?

Com cautela. Porque não vale a pena tentar implementar um sonho na contramão do momento. Não podemos transformar sonhos em pesadelos. Por exemplo: neste momento, vale a pena tomar dinheiro em banco para financiar um negócio novo? Com 14,5% de juros, acho temerário, pois nenhum negócio vai dar um lucro de 15% líquido a curto prazo. Use o tempo para aprender mais sobre o negócio para depois investir, quando os juros ficarem abaixo de 10%. Questão de tempo.

O desemprego tem feito muitas pessoas na faixa dos 50/60 anos a partir para o negócio próprio. Qual o risco de tornar-se empreendedor por necessidade e não por oportunidade?

Necessidade e oportunidade às vezes andam de mãos dadas. Não gosto muito dessa dicotomia que os acadêmicos criaram. Quem nunca empreendeu fica com ela na cabeça. Quem já empreendeu sabe que é falsa. Muitas vezes, a necessidade leva à oportunidade. Se não tiver necessidade, fica acomodado, e a oportunidade não surge. Ou, quando passa, a pessoa não tem coragem de pegar porque tá sem necessidade... Simples assim: perdeu o emprego? Crie a oportunidade!

Saiba mais sobre essa vantagem que o Instituto proporciona a seus membros.

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