A inclusão das pessoas com mais de 50 anos de idade no mercado de trabalho vai além da simples disputa por vagas com os mais jovens. As profissões do futuro para essa geração estão intimamente ligadas a competências intrínsecas à senioridade, habilidades que a maturidade costuma aprimorar nas pessoas.

É o que revelam os dados consolidados pelo programa Reinvente-se!, da Uni Inversidade. Criada a partir do movimento LAB60+, ela nasceu após três anos de observação do desempenho desses profissionais em sessões de imersão em organizações dos mais diversos setores da economia.

São três os eixos nos quais os 50+ vão se destacar:

  • Economia circular
  • Educação
  • Consultoria B60

“Descobrimos que a relação de trabalho deles é diferente, porque pensam em deixar um legado”, revela Sergio Serapião, fundador do LAB60+.

“Não se trata de dar um ‘up’ na carreira. A questão é reinventar o trabalho para quem tem mais de 50 anos e também encarar o tema intergeracional, ressignificando os padrões de longevidade para todas as idades”, completa Mariam Dimitri, da coordenação de Programas da Uni Inversidade.

O papel da Uni Inversidade tem sido aproveitar esta tendência e ligar as profissões do futuro às ODSs (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), da ONU. É o caso da economia circular, na qual seniores com experiência em tecnologia passam a atuar na redução do lixo tecnológico e na melhoria da fluidez digital das pessoas.


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Com um olhar mais sistêmico, típico da maturidade, o desafio é colaborar para que as empresas migrem para processos contínuos de reaproveitamento e reciclagem. “Minha aposta é que grande parte do trabalho de tecnologia hoje feito por jovens vai passar a ter a colaboração dos seniores”, diz Serapião.

Na área de educação, por sua vez, o desafio é combater a evasão escolar, encarando as fragilidades emocionais e sociais típicas da juventude do aluno. “Ao conectá-lo ao sênior por meio de uma conversa online, a troca de experiências se mostra muito rica”, afirma o fundador do LAB60+.

Este tipo de mentoria, segundo Serapião, pode ser replicada em larga escala. “Em um bate-papo via Skype, com hora marcada, o profissional consegue ouvir e orientar o aluno, trazendo o aconchego, a empatia e a disponibilidade que um coordenador pedagógico talvez não ofereça”, avalia.

A troca, em termos de benefícios, é mútua. O jovem tende a permanecer estudando. O profissional com mais de 50 anos, em geral, consegue observar uma melhora na autoestima e pode contar com uma nova fonte de renda.

A consultoria B60 também tem um impacto social relevante. “É claro que os jovens podem dar resposta técnica ao impacto social, mas só a senioridade costuma ter uma visão mais sistêmica. Esta parceria leva ambos a melhores soluções”, justifica.

Nova missão: Labora

Serapião revela que estas experiências recentemente deram origem a um novo programa, o Labora, que tem como alvo as empresas. “Nossa meta é convencer as organizações a ter 15% de sua força de trabalho com perfil 50+. Para isso, o desafio é criar profissões que aproveitem todo o potencial desse público”, conta.

Bancos, farmacêuticas e empresas de beleza já indicaram interesse em participar. “Para o Itaú, por exemplo, criamos uma profissão que deve melhorar a qualidade de atendimento nas agências. O sênior vai orientar o cliente que está se preparando para aposentar a ter um planejamento financeiro”, adianta Serapião.

Vinte sêniores estão sendo treinados para essa função, que se vale das inteligências relacional e emocional do trabalhador. Por ser uma nova área de atuação, a expectativa é que não tire a posição de outro profissional. “É uma peça a mais para encarar de um desafio que não estava sendo abordado”, afirma.

Profissões do futuro: reinvenção

A Uni Inversidade organiza dois programas, o Reinvente-se! e o Empreenda-se!, cuja proposta é contribuir para a reinvenção profissional a partir da segunda metade da vida. “A ideia é disseminar o conceito de autoempreender”, afirma Mariam Dimitri, que também é coembaixadora do movimento LAB60+SP.

Mariam explica que o Reinvente-se! faz uma reflexão retrospectiva, ao fortalecer e apreender o que a pessoa já desenvolveu. E segue para uma análise prospectiva daquilo que ela pode passar a oferecer profissionalmente, a partir da definição de um propósito de vida para esta nova etapa. A partir daí, o Empreenda-se! ajuda a concretizar esta possibilidade de uma forma mais objetiva, trazendo uma visão de modelo de negócios.

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