Momentos de grandes transformações profissionais – como mudar de área, abrir um negócio ou mesmo se aposentar – são difíceis. Não há certo ou errado e, independentemente do quão confortável a pessoa se sinta com a decisão, existe um grau de incerteza.

A boa notícia é que os mais experientes têm chances maiores de acertar. Eles já estão acostumados a situações extremas e, muitas vezes, sabem como agir, avalia o presidente da SLA Coaching (Sociedade Latino-Americana de Coaching), Sulivan França.

A má notícia é que isso não é uma regra – e há sinais de que a escolha pode não ser a melhor possível. Coaches consultados pelo Instituto de Longevidade Mongeral Aegon sinalizam quais são os momentos em que é preciso parar e avaliar a transição por mais tempo e com um volume maior de detalhes.

1.Insatisfação profissional

Pode ser um detonador para que a pessoa busque outros desafios, mas eles devem ser bastante calculados. Abrir um negócio ou começar em uma nova área são possibilidades que devem sempre ser acompanhadas de muito estudo e avaliação de prós e contras.

“Tomar este tipo de decisão sem critérios pode ser um passo em falso que porá a perder seus recursos que deveriam ser guardados para outro momento como a aposentadoria”, exemplifica o coach Roberto Debski.

2.Estresse ou frustração

“Os sentimentos negativos obscurecem a percepção e fazem com que subavaliemos os riscos ou superestimemos as oportunidades”, considera Debski.

Para o coach Ari Brito, diretor do Marca Pessoal Treinamentos, o ideal é que o profissional reflita e tome a decisão depois de um breve afastamento da situação. Esse distanciamento pode fazer com que o profissional tenha uma leitura diferente da experiência. “A maioria, quando toma uma decisão errada, é impulsionada, jogada para isso. Por quê? Porque é levada pela força emocional daquele momento”, sugere.

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3.Dificuldade financeira

Essa é uma das maiores fontes de estresse. Nesses casos, a tendência é agir sob pressão – o que aumenta a chance de cometer erros. “Como iremos lidar com as situações dependerá de nossa inteligência emocional e capacidade de pensar antes de agir, refletir e ter uma visão ampla e ponderada”, sinaliza Debski.

Uma mente preocupada é como um antivírus de computador, compara Brito. “Ele torna o processamento mais lento, pois parte do sistema está ocupado realizando outra tarefa”.

O mesmo acontece quando a pessoa está tensa: “Por estar distraída, pensando nas dificuldades e não presente em suas decisões, ela acaba tomando muitas decisões equivocadas”.

4.Precipitação

Por mais difícil que esteja a situação e por mais tentadora que seja a mudança, o melhor é colocar no papel suas metas e planos profissionais e de vida. “É preciso pensar no hoje e no daqui a cinco anos”, orienta França. E completa: “É importante saber ao certo quem é você para definir aonde quer chegar e como vai agir para isso”.

A dica de Brito é colocar as decisões, as vantagens e as desvantagens no papel “para refletir quais são as opções e perceber que toda situação tem pelo menos três opções, sempre!”

5.Espelhar-se no outro

Brito diz que um grupo em especial merece cautela: o que escolheu determinados caminhos quando jovem e permaneceu na mesma trilha por muito tempo. Alguns, diz ele, costumam colocar em dúvida se valeu a pena seguir a vida toda daquela forma – especialmente quando veem jovens em processo de escolha, sejam filhos, sejam colegas de trabalho. “Quando isso acontece, desperta um sentimento de mudança, que pode impactar a carreira, mas que, normalmente, se amplia por todas as áreas de sua vida.”

Nesses casos, acrescenta, recomenda-se observar se esse desconforto não é o amadurecimento natural de quem percebe que está envelhecendo. “Se for, o ideal é também focar em todas as coisas positivas que já conquistou, como amigos e família, e não apenas na carreira e no que não realizou”, orienta.

Por fim, sinaliza, uma decisão errada deve servir de aprendizado e não algo que paralise o profissional. “Tem que tomar o cuidado de não ficar reativo, pensando que sempre vai acontecer a mesma coisa, pois o cérebro reativo faz com que a gente deixe de se abrir e de amar por causa de experiências anteriores malsucedidas.”

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