O substantivo masculino luto tem nove acepções no dicionário Houaiss. 1. “Sentimento de tristeza profunda por motivo da morte de alguém”. É um processo psicológico natural, explica a psicóloga Gisela Vasconcellos Monteiro, “que envolve a assimilação de uma perda ou morte real ou simbólica”.

O dicionário contempla também outros significados, entre eles a tristeza causada por separação, partida, rompimento. Gisela explica que a perda da condição financeira ou de uma relação amorosa também pode detonar esse estado de luto, assim como o fim de um período como a adolescência ou de formação universitária.

“O luto pela perda de um emprego pode ser tão difícil quanto pela perda de um amigo, por exemplo. Pessoas que trabalharam muito anos na mesma empresa, para qual se dedicaram intensamente, podem viver a dispensa ou aposentadoria com sofrimento demasiado”, considera.

Nesse processo, a energia psíquica consumida é “colossal”. “Não sobram forças para quase nada: comer, trabalhar, pensar. Tudo é muito custoso”, afirma. E a idade pesa em tudo isso. “Quanto mais jovem, mais íntima e mais abrupta a perda, mais difícil é a assimilação da ausência repentina”, sinaliza.

“A pessoa acima dos 50 anos pode ter tido uma convivência longa com um companheiro, por exemplo. Mas, por outro lado, é alguém teoricamente mais experiente, que deve ter enfrentado outras situações de perda anteriormente”, pondera.

Ela diz que esse processo de luto pode levar de um ano e meio a dois anos até que a pessoa consiga se reorganizar psicológica, pessoal, social e/ou profissionalmente. “Mas é importante conhecer a circunstância e as pessoas ou situações envolvidas na perda para avaliar melhor”, considera a psicóloga.

Gisela diz que não há o que falar ou o que fazer para impedir a dor imensa que atinge a pessoa que perdeu alguém ou algo. Mas que alguns fatores podem ajudar.

  1. Estimular condições para expressão da dor – “falando, chorando, cantando, pintando, escrevendo, da forma que quiserem e conseguirem, pelo tempo que for necessário”.
  2. Proteger – a si mesmo ou pessoas próximas – da exposição, da invasão de privacidade e da curiosidade mórbida.
  3. Buscar conforto espiritual, caso o enlutado tenha religião, fé ou crença.

Com o tempo, assinala Gisela, as cores vão ressurgir lentamente. “O fim do luto é a convivência mais pacífica com a falta, com a memória, com a história e com a capacidade de seguir em frente”, finaliza.

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