Estar de bem com a vida depende em grande parte de como olhamos para os acontecimentos de nossa vida, passados e presentes. Nós temos apenas um controle parcial do que nos ocorre e afeta, pois muitos acontecimentos são imprevisíveis. Uma coisa que podemos controlar é a forma pela qual reagimos aos acontecimentos.

Ao envelhecer, ocorrem perdas. Limites físicos são crescentes: a audição já não é tão boa e temos que pedir para as pessoas repetirem, a vista exige óculos, ao subir uma escada ficamos ofegantes, a memória falha e esquecemos onde deixamos os óculos ou a chave de casa. Costumávamos fazer muitas coisas, que não conseguimos mais. Mas, só perdas? Não, pois com o envelhecimento também há ganhos de mais serenidade, mais sabedoria, mais paz de espírito.

Como reagir às perdas é conosco. Gosto da imagem do copo pela metade. Alguns dizem que bom, ele ainda está meio cheio, outros dizem que pena, a metade já se foi embora. Um fato é inegável e irreversível: o copo, que estava cheio, agora está pela metade. Você pode reclamar, blasfemar, xingar, mas o fato é que agora o copo está pela metade!

“A capacidade de adaptação às novas realidades que a maior longevidade traz é uma competência que precisa ser desenvolvida.”

Podemos ter uma abordagem positiva ou negativa. Esta, todos conhecemos, mas na positiva sabemos que não ouvimos mais tão bem como antigamente, mas ainda ouvimos, e temos alguém que repete para nós. Não enxergo tão bem, mas tenho óculos que me ajudam. Tenho que tomar um monte de remédios, mas é bom saber que existem remédios e posso de alguma forma tê-los. Fico ofegante e mais lento, mas ainda psso andar. Eu esqueço das coisas, mas posso acha-los ou pedir ajuda a alguém.

A capacidade de adaptação às novas realidades que a maior longevidade traz é uma competência que precisa ser desenvolvida. A rigidez, o apego a o que era e não é mais, só nos fazem mal. As realidades são novas e a elas precisamos nos adaptar.

Os limites crescem com a idade, o copo tem cada vez menos líquido, mas ainda tem líquido. Até o final, temos o mais importante: a vida, e a isto devemos nossa gratidão todos os dias.

A música “Copo vazio” encerra bem este texto. Ouça abaixo:

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