Um ano após os primeiros registros de doentes infectados pelo novo coronavírus, pouco se sabe sobre como o coronavírus afeta o cérebro, considerado o órgão mais misterioso do corpo humano. Situação preocupante, uma vez que o cruzamento de dados de internações em diversos países mostra que, pelo menos, quatro quintos dos pacientes hospitalizados com Covid-19 têm sintomas neurológicos e, embora as estimativas variem, estudos descobriram que pelo menos metade das pessoas que se recuperam da doença continuam a sofrer desses sintomas por alguns meses.

Tomografias feitas no cérebro de pacientes infectados pelo novo coronavírus mostraram mudanças estruturais e funcionais no órgão, mas ainda não se sabe o que isso pode significar para o prognóstico de longo prazo desses pacientes.

como o coronavírus afeta o cérebro

Foto: Gorodenkoff / Shutterstock

“Quando nos recuperamos de resfriados, gripes ou mesmo de uma pneumonia, nem sempre pensamos nos impactos dessas doenças em nosso desenvolvimento cognitivo, mas eles existem. Na verdade, vírus como o da gripe, do sarampo, o vírus sincicial respiratório (RSV) e o Zika Vírus têm efeitos neurológicos conhecidos, assim como outros tipos de coronavírus, incluindo SARS e MERS. Essas conexões furtivas são reais, e estamos apenas começando a documentar os insultos de longo alcance que o SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19, causa no cérebro”, relatou o neurocirurgião e principal correspondente médico da CNN, Sanjay Gupta, em artigo publicado no site da AARP.

De acordo com o Dr. Gupta, alguns dos sintomas mais frequentes registrados foram relativamente leves, como dores de cabeça, dores musculares e tonturas. Mas relatos de encefalopatia, ou função cerebral alterada, em quase um terço dos pacientes - com risco aumentado de doença grave e morte como resultado - surpreenderam os pesquisadores.

“Eles também ficaram surpresos ao descobrirem que as manifestações neurológicas como um todo eram mais prováveis de ocorrer em pessoas mais jovens, embora a encefalopatia fosse mais frequente em pacientes mais velhos”, destacou o neurocirurgião.

Como o coronavírus afeta o cérebro? 

Os cientistas ainda não entenderam a forma exata como o novo coronavírus afeta o cérebro e os nervos, mas já identificaram que isso pode acontecer por dois mecanismos primários: um direto e outro indireto.

No primeiro, o vírus se camufla entre os nutrientes para não ser detectado e consegue passar pela barreira hematoencefálica, chegando ao fluido que banha o cérebro e a medula espinhal. Uma vez lá dentro, os cientistas temem que o vírus possa causar todo o tipo de dano a diferentes partes do cérebro.

No segundo mecanismo, o vírus age livremente com a intenção de ser detectado pelo sistema imunológico e de provocar um contra-ataque, podendo causar inflamações nos tecidos e órgãos, incluindo o cérebro. Cientistas ainda acreditam na possibilidade de uma combinação entre os dois mecanismos.

como o coronavírus afeta o cérebro

Foto: DC Studio / Shutterstock

Seja qual for a técnica usada, já se sabe que a forma como o coronavírus afeta o cérebro pode ser muito mais significativos e duradouros do que até então se imaginou e pode levar o paciente a ter complicações neurológicas devastadoras de curto e longo prazo, como delírio, depressão e disfunção cerebral temporária, além de dores de cabeça, inflamação do cérebro, sangramentos cerebrais e coágulos, danos nos nervos e meningite com risco de morte para jovens e idosos.

As pesquisas sobre o comportamento do vírus, aos poucos, vão avançando, mas ainda há grandes questões importantes que permanecem sem resposta: será que essas condições - e possíveis alterações cerebrais – podem a longo prazo levar ao declínio cognitivo ou quem sabe a alguma demência? E o que pode ser feito para reverter essa situação?

Veja abaixo as cinco dicas do Dr. Sanjay Gupta para você manter sua saúde física e mental por mais tempo.

5 dicas para manter a saúde mental durante a pandemia

Mantenha conexões sociais, mas respeite o distanciamento

Dr. Gupta explica que, neste momento de pandemia, não é mais possível beijar e abraçar as pessoas queridas, mas podemos (e devemos) manter e até mesmo criar novos laços afetivos.

“O que sabemos é que o isolamento social prolongado leva à perda de memória e que a solidão é um fator de risco para declínio cognitivo, demência e até morte. Torna-se ainda mais imperativo lutar contra a solidão e permanecer socialmente engajado”, conta o neurocirurgião.

Sua dica é que, sempre que perguntarmos sobre o bem-estar de alguém, não nos contentemos com um genérico "Estou bem". Às vezes, a outra pessoa só precisa de um empurrãozinho para desabafar sobre seus problemas. A segunda dica é pedir orientação a pessoas como nossos pais, para que eles continuem se sentindo úteis e possam, com isso, manter suas mentes ativas. Chats e lives com amigos e familiares também são muito bem-vindos.

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Procure se alimentar bem todos os dias

O especialista aponta que há muitas vantagens em seguir uma dieta de estilo mediterrâneo, baseada em frutas e vegetais frescos, grãos inteiros, proteínas magras (incluindo frutos do mar), gorduras saudáveis, nozes e sementes.

“Pessoas que seguem dietas anti-inflamatórias, como o regime mediterrâneo, também podem obter efeitos benéficos contra a própria infecção”, destaca.

Gupta alerta que alimentos processados e com grandes quantidades de açúcar costumam aumentar os níveis de inflamação. Nesses casos, o ideal seria substituí-los por alimentos minimamente processados, de preferência inteiros e frescos.

Faça exercícios físicos sempre que possível

Exercícios físicos são a chave para se ter uma mente aguçada e um sistema imunológico saudável.

“O exercício pode neutralizar os efeitos negativos do estresse do isolamento e do confinamento na função imunológica. Também sabemos agora que os exercícios melhoram as respostas imunológicas às infecções e podem até ajudar a desenvolver uma melhor imunidade com o auxílio de uma vacina”, explica o neurocirurgião. “Em última análise, tudo isso ajuda a proteger o cérebro e sua vulnerabilidade em caso de infecção”, complementa.

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O sono é sagrado

Gupta alerta que não é hora de perder o sono, mesmo com tantas mudanças em nossa rotina. Segundo o especialista, o sono é uma espécie de arma secreta do corpo para refrescar e reabastecer nossos tecidos e células, como as do cérebro e do sistema imunológico. Entre tantos outros benefícios, o sono também fortalece a memória e ajuda a eliminar resíduos e detritos cerebrais que podem fomentar doenças.

Por isso, evite se expor a telas de TV, telefones celulares e tablets antes de ir para cama ou quando já estiver deitado. Elas ativam mecanismos do cérebro e deixam o corpo desperto. Se precisar de ajuda para dormir, tente ler um livro ou fazer uma meditação.

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Aprenda algo novo todos os dias

Aproveite esse período de isolamento para fazer cursos a distância que poderão, inclusive, dar aquela turbinada na sua vida profissional. Além disso, o aprendizado é uma atividade que ajuda a manter o cérebro sempre ativo e sadio. Ensinar, passar adiante os seus conhecimentos também é uma excelente forma de cuidar da sua saúde e da saúde neurológica de quem vai receber seus ensinamentos.

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