Você consegue imaginar quantas vezes o seu coração vai bater durante toda a sua vida? O órgão funciona 24 horas por dia sem parar. Portanto, pode ser considerado o músculo mais trabalhador e incansável do corpo.

Parece um número incalculável? Pois basta analisar algumas informações reunidas pelo monitoramento do ritmo cardíaco, o eletrocardiograma. Um adulto com saúde normal registra, em média, entre 90 mil a 100 mil batimentos no período de 24 horas. A partir desta informação conseguimos descobrir a quantidade ao final de um ano: são cerca de 36,5 milhões de batimentos, valor inimaginável para a maioria das pessoas.

Agora, considerando a expectativa de vida do brasileiro em 76 anos (dado divulgado no último levantamento do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística referente ao ano de 2018), chegamos a aproximadamente 2,7 bilhões de batimentos cardíacos ao longo de toda nossa vida! Esses valores refletem o automatismo do seu funcionamento. 

O coração é responsável por bombear o sangue para que ele circule por todo o corpo. Dessa forma, fornece oxigênio e nutrientes aos órgãos e tecidos, além de uma longa lista de atividades fisiológicas, como distribuir calor, transportar hormônios e ser o caminho por onde circulam as células de defesa do organismo.

E aí você pode se perguntar: “então o que esses números dizem sobre minha saúde?” Saiba que a análise do comportamento da frequência cardíaca e a variabilidade dos batimentos podem trazer informações muito importantes.

Saiba quandos batimentos o coração faz ao longo da vida

Existe frequência cardíaca ideal?

O músculo cardíaco é um privilegiado por possuir a capacidade de manter seu próprio ritmo. No entanto, é preciso esclarecer que ele não trabalha sozinho. É do cérebro que vêm as mensagens que regulam nosso sistema circulatório e a variação nos batimentos cardíacos. Ela também é chamada de variabilidade da frequência cardíaca.

Do sistema nervoso simpático e parassimpático chegam informações sobre as necessidades do organismo em diversas circunstâncias, como condições climáticas, estresse e nível de atividade. Assim, a frequência pode mudar de acordo com as condições fisiológicas existentes, ou seja, repouso, exercício físico, posição corporal, estado de vigília e de sono, condicionamento físico e condições patológicas.

Em condições normais de saúde e sem estímulos externos, a frequência cardíaca ideal varia de 60 a 80 batimentos por minuto. Entre as crianças este número é de 120 a 140 por minuto. Isso devido às suas necessidades fisiológicas de desenvolvimento (este número vai caindo com o passar dos anos e o crescimento da criança).

Importante destacar que, na ausência de doenças ou qualquer anormalidade, o coração pode manter sua dinâmica mesmo na oitava ou nona década de vida, não perdendo função ou vigor com o passar dos anos.

Médico mede frequência cardícaca do coração

Frequência cardíaca X risco cardiovascular

O estudo da variabilidade dos batimentos cardíacos pode ser valioso no diagnóstico e tratamento de complicações da saúde cardiovascular. Ele ainda é muito eficaz quando usado como ferramenta complementar na prescrição de exercícios físicos para sedentários, atletas e cardiopatas. Essa mesma observação em pacientes hipertensos, diabéticos ou obesos também pode definir o grau de risco de eventos no coração.

O teste de esforço é realizado na esteira ergométrica. Ele avalia a frequência cardíaca e a pressão arterial, que sobem, gerando uma sobrecarga ao órgão. O exame, solicitado por um médico especialista, indica caso o coração não esteja em situações normais.

Após o término da fase de esforço, uma simples análise na redução da frequência já caracteriza aumento no risco de complicações. Isso ocorre quando o valor é menor que 40 batimentos ao final do primeiro minuto do repouso.

Então frequência baixa é sinal de coração mais fraco?

A frequência nos batimentos abaixo dos valores considerados normais pode indicar problemas no funcionamento do órgão. Porém, não é uma regra. É necessário sempre investigar caso a caso por meio do monitoramento.

É possível, por exemplo, que esta redução ocorra por disfunção no sistema de automatismo do coração. O que leva a uma redução acentuada dos batimentos (disfunção do nó sinusal) ou por bloqueio na transmissão dos impulsos elétricos (bloqueios atrioventriculares), sendo necessário o implante de marca-passo cardíaco.

No entanto, alguns medicamentos também podem ser responsáveis por reduzir o ritmo do coração. Trata-se de um quadro muito comum em pacientes que tratam de arritmias. Nesses casos é preciso apenas ajustar a dosagem.

Existem ainda situações em que a redução é proposital e benéfica. É o caso do tratamento clínico de pacientes portadores de insuficiência cardíaca.

Nesses indivíduos são utilizados remédios que diminuem os batimentos dentro da faixa de frequência desejada, sempre acima de 50 batimentos por minuto. Assim eles favorecem o aumento da força de contração do músculo cardíaco. Esses medicamentos diminuem o trabalho do coração e por consequência o consumo de oxigênio pelo miocárdio, melhorando o desempenho do órgão. 

Frequência cardíaca coração

Coração acelerado

Da mesma forma que o coração pode apresentar uma redução no ritmo de batimentos, é possível que ocorra também o oposto, com registro de frequência elevada, caso das arritmias. Exceto quando são acompanhadas por mal estar e palpitações, para a maioria das pessoas a presença dessas arritmias cardíacas não chega a ser percebida, principalmente quando isoladas e sem regularidade.

Porém, quando o quadro é mais grave e com sintomas, como em casos de fibrilação atrial ou taquicardia supraventricular, temos pacientes que procuram assistência médica com mais de 200 batimentos por minuto.

Em cada situação, há um tipo de tratamento para controle dos batimentos ou para reverter ao ritmo cardíaco normal. É necessária a realização de exames e estudos complementares a fim de identificar o foco e a causa da aceleração.

O importante aqui é estar atento e buscar ajuda médica. Em casos graves há necessidade de implante de marca-passo com desfibrilador para reduzir o risco de morte súbita.

E quando a aceleração é decorrente da prática de esportes?

Em síntese, o coração, que é normalmente bem semelhante em todos os seres humanos, se adapta ao esporte para suprir as necessidades do organismo em cada modalidade, tempo e intensidade do treinamento. Os batimentos, de modo geral, aumentam. Se usarmos como referência uma pessoa jovem, saudável, a frequência durante a atividade esportiva pode chegar a 180, 190 batimentos em esforço. Para adultos e aqueles que já têm mais idade, a recomendação é não ultrapassar a faixa de 120, 140 batimentos.

Vale reforçar o benefício do exercício regular como fator de bem-estar pela liberação de endorfinas, como antídoto ao estresse e na manutenção ou diminuição do peso corporal e da gordura abdominal, sabidamente fatores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Porém, com uma ressalva. É extremamente importante ter conhecimento da situação cardíaca e respeitar suas limitações, além de evitar práticas apenas aos finais de semana ou eventualmente.

Isso porque é possível que alguma doença ainda desconhecida pelo indivíduo se manifeste durante as atividades físicas em consequência do esforço e sobrecarga do coração, acarretando em sérias consequências que podem levar a uma parada cardíaca ou até a morte.

Assim, reforço a importância de ter em dia seu check-up cardiológico e estar sempre atento aos sinais transmitidos pelo corpo. O coração muitas vezes, por estar ali funcionando 24 horas por dia, não recebe a devida atenção. 

Cansaço excessivo, dor torácica, dores nas costas, sensação de aperto no pescoço, incômodo na mandíbula, aceleração ou diminuição repentina dos batimentos. Tudo isso poderá caracterizar problemas no coração, principalmente quando desencadeados pelo esforço, situações de ansiedade e estresse.

O simples controle dos batimentos cardíacos e suas variações podem identificar desde adaptações fisiológicas até disfunções do coração. Isso permite identificar, tratar e tomar todas as medidas necessárias para poupar o órgão, garantir a saúde e melhorar sua longevidade.

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