Muito comum após os 40 anos, a hemorroida não é uma doença grave, mas pode tornar-se um problema quando as veias ao redor do ânus se inflamam ou dilatam a ponto de romperem e provocarem sangramento ou trombose.

No entanto, não são exclusividade dessa faixa etária. Pesquisas mostram que de 30% a 50% da população adulta está propensa a ter algum episódio de hemorroida ao longo da vida, embora nem todos os tipos exijam tratamento.

O cirurgião vascular Paulo Sergio Barboza explica que, quando as veias ao redor do ânus dilatam, provocam uma trombose hemorroidária, formando uma bolinha dura, desconfortável e dolorosa.

Embora não seja maligna, a doença não tem cura e pode evoluir. Segundo o médico Rodrigo Ambar Pinto, membro da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, a tendência é que, com o passar do tempo, todos os vasos acabem rompendo, afetando o tecido que sustenta as veias.

“Com o esforço contínuo da evacuação, essa alteração pode gerar plicomas (excesso de pele na região anal) e um prolapso”, afirma.

Tipos de hemorroida

Caracterizada pelo inchaço dos vasos, inflamação e dor, a hemorroida pode ser interna (no reto) ou externa (na borda do ânus).

As manifestações que ficam no grau 1, por exemplo, não chegam a gerar prolapso, apenas sangram pouco e doem.

No grau 2, o nódulo torna-se aparente, mas recua espontaneamente. Ambar Pinto lembra que, nesta fase, “o problema não some simplesmente”. Pelo contrário, completa Barboza: se não houver atenção, pode evoluir para o grau 3, no qual há mais sangramento e são indicados banhos de assento e o auxílio manual para retorno do vaso prolapsado ao normal.

Mais grave, no grau 4 há a trombose da hemorroida, que não retorna ao normal nem com auxílio externo, sendo necessário, muitas vezes, um pequeno ato cirúrgico para retirar o coágulo.

Hemorroida: sintomas e diagnóstico

Além da dor, do sangramento e do prolapso, muitas vezes o sinal de hemorroida vem acompanhado de coceira na região anal.

Segundo o coloproctologista, a doença tem a ver com idade, com tipo de colágeno do paciente e, em menor medida, com hereditariedade.

A detecção pode ser feita no consultório médico, com exame físico da região anal. O especialista ressalva que não há qualquer relação entre hemorroida e câncer de reto e pondera que, em pacientes com mais de 50 anos que apresentam sangramentos, além de examinar o ânus, é preciso buscar outras possíveis causas em uma retoscopia ou numa colonoscopia, que avalia todo o intestino grosso.


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“O sangramento excessivo é muito raro e geralmente acontece em idosos que escondem o problema da família”, diz Barboza. Segundo ele, as fases mais sensíveis das mulheres costumam ser a gestação e o parto normal, mas distúrbios hormonais também as levam a desenvolver hemorroida.

Em ambos os sexos, hábitos alimentares ruins são fatores de risco a partir dos 40 anos. Os especialistas concordam que uma dieta pobre em fibras pode gerar constipação e dificuldade de evacuar, o que contribui para a perda da sustentação dos tecidos e o aparecimento da hemorroida.

Prevenção e tratamento da hemorroida

Dependendo do grau da hemorroida, é possível fazer um tratamento clínico com mudanças comportamentais simples. “Uma dieta rica em fibras, verduras e frutas, principalmente mamão e laranja, pode ajudar a ter fezes mais pastosas que evitem traumas na hemorroida”, recomenda Ambar Pinto. A ingestão frequente de água é outra indicação certeira.

Mas é a troca do papel higiênico por ducha higiênica ou lenço umedecido que pode trazer mais benefícios. “O papel higiênico é um vilão para a hemorroida, principalmente os mais ásperos, os coloridos e os perfumados. A orientação é lavar a região após cada evacuação ou passar lenço umedecido sem esfregar.”

De acordo com o médico, no momento de crise, além de alguns minutos de banho de assento com água morna, podem-se usar supositórios, medicamentos orais e pomadas anestésicas e cicatrizantes para diminuir a inflamação e a dor local.

“Tabagismo, alcoolismo e sedentarismo também são fatores de risco. Ficar muito tempo parado dificulta o processo de digestão, observa Barboza. Ambar Pinto alerta para o costume de se demorar sentado no vaso sanitário: “É uma prática condenada e deve ser evitada, porque o ânus fica sob efeito direto da gravidade”.

Cirurgia de hemorroida

A cirurgia é indicada só nos casos mais graves (graus 3 e 4). É possível retirar o excesso de pele das hemorroidas externas. Para as internas, a hemorroidectomia é usada para a retirada cirúrgica clássica, com melhores resultados, porém um pós-operatório mais doloroso.

Há ainda técnicas menos invasivas e doloridas, como a anopexia com grampeamento e a ligadura do vaso com mucopexia (THD). No entanto, avalia Ambar Pinto, ambas têm maiores chances de a hemorroida voltar.

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