“Eu estava em uma reunião de trabalho e, do nada, veio uma onda de calor que, primeiro, me deixou ruborizada e, depois, grudou meu cabelo no pescoço”, conta a organizadora de eventos Ana Gonçalves, 55 anos. “Foi constrangedor”, resume. Ela não está sozinha. Oito em cada 10 mulheres apresentam os chamados fogachos, um dos sintomas da menopausa. A boa notícia é que eles passam. A ruim é que eles podem durar de 1 a 5 anos – por isso é bom buscar orientação médica.

Nos consultórios ginecológicos, mulheres que estão na perimenopausa (clique aqui e saiba mais sobre o período que antecede a menopausa) “têm muitas queixas, como alterações de humor e irritabilidade, distúrbios do sono e perda de memória”, relata Fábio Cabar, especialista da Elo Clínica de Saúde. E ainda “dificuldade de segurar urina ou perda dela em momentos de esforço, além de ressecamento vaginal”, complementa Gilmar Osmundo, da NotreDame Intermédica.

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E como minimizar esses efeitos indesejáveis? “Importante lembrar que a perimenopausa e a menopausa não são doenças, são momentos normais da vida da mulher e, portanto, não necessitam de tratamento de rotina”, diz Osmundo. “A reposição hormonal é indicada apenas para mulheres com sintomas importantes e com menos de 60 anos. Nesses casos, o ideal é selecionar individualmente a melhor estratégia e mantê-la pelo menor período possível.”

Como vantagens da reposição hormonal, há a minimização ou eliminação desses sintomas negativos, além de redução de perda de massa óssea e melhora da função sexual. As desvantagens são aumento do risco de trombose e, com o uso prolongado, de câncer de mama e de endométrio, além de potencializar problemas cardiovasculares em mulheres com idade avançada.

“A menopausa também tem seu lado bom. Terminam as TPMs e os fluxos menstruais e não é preciso mais se preocupar com uso de contraceptivos”

Tratamentos alternativos com isoflavonas, compostos encontrados na soja e que apresentam ação semelhante ao estrogênio, são controversos, afirmam os especialistas, que recomendam atividade física regular, não ganhar peso, não fumar e evitar o consumo de álcool, para minimizar os sintomas negativos da menopausa. “São úteis para redução do risco cardiovascular, além de se associarem com aumento da sensação de bem-estar”, justifica Osmundo.

Cabar chama a atenção para uma alimentação saudável, “à base de proteínas, pouca gordura e pouco carboidrato”. Osmundo recomenda incorporar “alimentos ricos em cálcio, como leite e seus derivados”, e apesar de não ser devidamente comprovado o efeito da isoflavona no tratamento de ondas de calor, ele é a favor de colocá-la com mais frequência no prato.

Apesar de 50% a 75% das mulheres americanas utilizarem alguma forma de terapia alternativa para controle de sintomas da perimenopausa e menopausa, não há ainda estudos comprovando a sua eficácia, por serem de alta complexidade, explica o especialista da NotreDame Intermédica. Por outro lado, ele diz que “algumas técnicas de terapia cognitivo-comportamental e de meditação (mindfullness) apresentam resultados promissores no controle de insônia e fogachos”.

Mas a menopausa também tem seu lado bom. “Terminam as TPMs e os fluxos menstruais e não é preciso mais se preocupar com uso de contraceptivos”, pontua Osmundo. Mas isso não significa deixar de usar preservativos nas relações sexuais. “As últimas estatísticas vêm mostrando aumento de casos de infecção pelo HIV em idosos”, alerta. “A vida sexual continua plena após a menopausa – porém, o uso de preservativo vai muito além da prevenção de gestação.”

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