Quanto mais velho, maior o risco de morte. Esse conceito foi colocado por terra no mês passado, graças a uma pesquisa divulgada no periódico científico “Science”. Se você passar dos 105 anos, a curva de mortalidade, que aumentava ao longo dos anos, atinge um platô – e desacelera. Ou seja, para os pesquisadores, não existe limite máximo de idade.

Para chegar a essa conclusão, cientistas dos Estados Unidos e da Itália estudaram 3.836 italianos com mais de 105 anos. E descobriram que, depois dessa idade, a possibilidade de comemorar outro aniversário é de 50%.

As chances de morrer em cada idade aumentam exponencialmente até que a pessoa atinja 80 anos. A partir daí, começam a desacelerar, atingindo um patamar após os 105 anos. Nesse momento, o risco de morte é o mesmo para um indivíduo de 105, 110 ou 112 anos, de acordo com a pesquisa, liderada pela italiana Elisabetta Barbi, da Sapienza University of Rome.

A teoria de uma longevidade sem limites foi ovacionada por alguns cientistas e questionada por outros. Há quem diga que 128 é a idade máxima que um ser humano pode alcançar no próximo quarto de século. Outros apostam em 115, baseados em dados de 40 países.

Qualidade de vida

“Quanto mais elevada a longevidade, maior o papel da genética”, diz o médico brasileiro Roberto Debski. Mas ela, complementa o especialista, é influenciada também por polimorfismos (ocorrência de variação fenotípica dentro de uma população, seja ou não de base genética) e sofre a influência de fatores comportamentais e ambientais.

Ele explica que, por mais de três décadas, o psiquiatra americano George Vaillant conduziu um estudo que avaliou o envelhecimento de 268 alunos da Universidade Harvard. Dele, foi gerado o livro “Triumphs of Experience” (Triunfos da Experiência, em tradução livre), que traz os componentes de uma longa vida.

“O envelhecimento saudável depende de informações, planejamento e, principalmente, atitudes”

Segundo o estudo, quem quer viver mais deve parar de fumar, beber álcool moderadamente, controlar o peso, fazer atividade física regularmente, manter a mente ativa, viver relacionamentos afetivos saudáveis e aprender a gerenciar o estresse. “Resumindo, o envelhecimento saudável depende de informações, planejamento e, principalmente, atitudes saudáveis perante a vida”, afirma Debski.

Ou seja, mesmo havendo a predisposição genética, se a pessoa for obesa, tabagista, sedentária, estressada e etilista, verá mudança nos indicadores de longevidade e de qualidade de vida, segundo o médico.

E qualquer hora é hora de mudar. Mesmo que um comportamento seja modificado na quinta década de vida, por exemplo, as alterações “têm um impacto positivo nos indicadores de saúde e, consequentemente, na longevidade”.

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