O tratamento dado a beneficiários de planos de saúde no tratamento oncológico pode mudar – e logo. A ANS (Agência Nacional e Saúde Suplementar) propôs a operadoras de planos de saúde e prestadores (hospitais e clínicas ou instituições de tratamento) a adoção de ações integradas capazes de reorganizar e aprimorar a prestação dos serviços de saúde.

Lançado no mês passado, o projeto OncoRede permitiu que as instituições enviassem à ANS, até o dia 15 de novembro, suas propostas para promover o diagnóstico mais preciso da situação atual do cuidado oncológico, o estímulo à adoção de boas práticas na atenção ambulatorial e hospitalar e a melhorias dos indicadores de qualidade da atenção ao câncer na saúde suplementar. No Brasil, segundo estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer), há 600 mil novos casos por ano.

Foram recebidas 54 propostas. As que forem selecionadas serão desenvolvidas, monitoradas por um ano e mensuradas. Os modelos que se mostrarem viáveis poderão ser replicados, estimulando mudanças sustentáveis no sistema de saúde.

Para a advogada Andrea Bento, coordenadora de políticas públicas da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) – organização que lidera o movimento Todos Juntos Contra o Câncer –, a ANS tem adotado uma atitude proativa para solucionar o problema do diagnóstico tardio do câncer e da falta de integração nos cuidados ao paciente.

“Hoje, as queixas que mais recebemos [no serviço de apoio jurídico da Abrale] é a de negativas – de internação, transplante e fornecimento de quimioterápico. Essas medidas podem ajudar a reduzir as queixas e as ações na Justiça”, destaca.

O modelo proposto pela ANS deve contemplar ações de promoção, prevenção e realização de busca ativa para que seja feito o diagnóstico precoce; de continuidade entre o diagnóstico e o tratamento; e de informação compartilhada. Está prevista a inserção de um navegador ou assistente de cuidado para garantir que o paciente com suspeita ou diagnóstico de câncer consiga seguir o percurso ideal para o cuidado.

Será dada ênfase ainda ao pós-tratamento e outros níveis de atenção (cuidados paliativos) e à proposição de novos modelos de remuneração que garantam a sustentabilidade econômico-financeira do setor.

Entre as principais medidas estão a criação de um sistema de registro eletrônico de saúde para que a informação seja compartilhada entre os profissionais e o paciente; a formação de times multiprofissionais; a articulação da rede de estabelecimentos que irão cuidar do paciente; e a capacitação e treinamento de profissionais.

Compartilhe com seus amigos