Em 2018, um dos mais famosos personagens de Walt Disney, Mickey Mouse, completará 90 anos. Apesar da idade, sua energia parece inesgotável. Uma pesquisa na Universidade de Bonn, na Alemanha, pode nos dar uma pista do segredo de Mickey para estar tão alerta: se depender do que o estudo aponta, é bem possível que o rato dos desenhos ande usando maconha. 

Sim, é isso mesmo. A equipe coordenada por Andreas Zimmer, diretor do Instituto de Psiquiatria Molecular da universidade, forneceu doses – moderadas, no caso – de THC (tetra-hidrocarbinol), o principal componente ativo da marijuana, a dois grupos de ratos de perfis distintos: um de jovens e outro de idosos. 

Há muitos indícios de que, em indivíduos mais novos, o THC prejudique a memória e comprometa o aprendizado – e isso vale tanto para nós, humanos, quanto para os roedores. No experimento conduzido por Zimmer, porém, os efeitos da substância nos bichinhos de idade mais avançada foi o oposto.  

Enquanto os ratos mais jovens sob a ação do THC demoraram mais para aprender a localização de plataformas escondidas em um labirinto de água e perderam agilidade no reconhecimento de colegas de espécie que já tinham visto antes, o funcionamento dos cérebros dos mais velhos se aguçou com o uso do tetra-hidrocanabinol.  

O desempenho mental desses ratos foi parecido ao dos mais novos que não consumiram o componente da cannabis. As cobaias idosas, antes medrosas e agressivas diante das companheiras, ficaram mais relaxadas na interação com seus semelhantes. 

Mudança do padrão genético  

A explicação está na atuação do THC sobre os neurônios do hipocampo, a área do cérebro responsável por converter a memória de curto prazo em memória de longo prazo. Nessas células cerebrais dos ratos mais velhos, a molécula favoreceu o surgimento de um número maior dos prolongamentos que recebem os estímulos nervosos. 

E não foi só isso. O padrão genético desses indivíduos também mudou para melhor, tornando-se semelhante ao dos novinhos que não receberam doses de THC. Esse resultado sugere que a substância combata o envelhecimento do cérebro.  

Os cientistas da universidade pesquisam os receptores cerebrais ativados pela cannabis há 15 anos. A maconha, dizem eles, atua quase sempre da mesma forma em homens e ratos. O próximo passo desses pesquisadores é conduzir um estudo clínico com pessoas idosas, para verificar se o THC age positivamente sobre o funcionamento do cérebro de pacientes com demência inicial ou moderada. 

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