O estresse tomou conta do dia a dia dos moradores de grandes cidades e é cada vez mais comum ouvirmos pessoas dizendo que estão estressadas. Mas o que é o estresse? De acordo com Marcelo Nishiyama, cardiologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o estresse é uma resposta fisiológica e biológica do indivíduo a uma situação de risco. “Nesses momentos, ocorre a liberação de alguns hormônios, principalmente a adrenalina e o cortisol, que fazem com que aumente a frequência cardíaca e a pressão arterial”, explica Nishiyama. 

Em outras palavras, o estresse é um mecanismo de fundamental importância para a sobrevivência dos homens e também de todas as espécies animais. A neurologista do Hospital Estadual Getulio Vargas e oficial do Corpo de Bombeiros Thaiz Fernandes completa que o estresse vem salvando a raça humana desde o tempo das cavernas.

“Antigamente, quando o homem precisava caçar e fugir dos inimigos, seu corpo precisava de uma resposta rápida. E para você ter um reparo rápido, numa situação de fuga, você precisa aumentar sua frequência cardíaca, precisa de mais sangue para os músculos, mais glicose no sangue. Esse é o papel do estresse, dar a resposta rápida e natural do organismo”, afirma Thaiz.


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Até aí, pode-se perceber que o estresse, no fundo, é o mocinho, e não o vilão, como muitos acreditam. Então, depois daquele dia agitado e cansativo, em que o indivíduo enfrentou – por exemplo – um trânsito caótico, brigou com o chefe no trabalho e está cheio de contas para pagar, é totalmente aceitável ouvir alguém afirmar que está estressado, não é mesmo?

“Não está correto”, garante Nishiyama. “Quando falam que estão estressadas, na verdade essas pessoas estão cansadas”.

Há algumas diferenças entre os dois problemas. A primeira delas é a constância: o cansaço é passageiro e passa após uma boa noite de sono. O outro, não. Porém, o acúmulo do cansaço somado a noites mal dormidas e a pouco descanso podem, sim, levar a uma situação de estresse, em que o corpo precise produzir mais hormônios para conseguir reagir.

Quando o estresse pode se tornar um problema

O grande problema de pessoas que estão no dia a dia expostas a situações perturbadoras que exijam respostas rápidas e para as quais o organismo libere uma grande quantidade de adrenalina e cortisol, é que esse quadro crônico pode se tornar o gatilho para algumas patologias.

“O estresse pode ser o gatilho para a descompensação de algumas doenças. Normalmente, o estresse junto a outras patologias é que pode levar a problemas de saúde”, exemplifica o cardiologista da BP de São Paulo. “Em pacientes hipertensos e diabéticos, o estresse pode levar a picos hipertensivos e ser o gatilho para um AVC ou um infarto. Por provocar queda da imunidade, insônia ou, ao contrário, sonolência demais, influenciando no dia a dia das pessoas”.

Thaiz alerta que os pacientes que vivem em situações de estresse têm risco maior de morte, além de depressão, ansiedade e complicações psicológicas que, em alguns casos, podem levar ao suicídio. “A vida que a gente leva, os níveis de violência, a questão de bater meta no trabalho, questões emocionais, tudo isso traz sofrimentos constantes que fazem com que a pessoa tenha essa resposta cada vez mais frequente, quase que contínua. E haja organismo para tolerar todas essas respostas! Vai potencializando o tempo todo e isso traz consequências que acabam podendo expor a pessoa a um risco de morte ou de outras doenças”, destaca a neurologista. E acrescenta: “E por elevar o nível de glicose no sangue, ele também aumenta o risco de diabetes”.

E quando se trata de um paciente idoso? 

Nishiyama explica que pessoas idosas são mais frágeis e têm mais doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. “Nessas pessoas, uma situação de estresse pode ser o gatilho para um AVC ou infarto. Isso sem falar na maior incidência de depressão, que pode ser um fator para o desenvolvimento de quadros demenciais, como a Doença de Alzheimer”, diz.

Pet Terapia

Estudos realizados em diversas áreas da medicina comprovam que a interação com animais de estimação traz inúmeros benefícios à saúde física, emocional, social e cognitiva das pessoas, entre eles, a redução da pressão arterial e o controle da hipertensão e do estresse.

Popularmente conhecida como Pet Terapia, a Terapia Assistida por Animais (TAA) é um tratamento auxiliar para diversos tipos de doenças que vem sendo cada vez mais aplicada a pacientes psiquiátricos, hospitalizados e idosos.

estresse

Crédito: Christine Glade/shutterstock

Thaiz assegura que idosos que adotam pets apresentam níveis menores de estresse. Outro ponto positivo dessa relação é o estímulo às atividades físicas, como passeios e brincadeiras com os cães. Um estudo realizado na Inglaterra e publicado no Journal of Epidemiology and Community Health, em agosto de 2017, mostrou que, apesar da tendência para o sedentarismo, os idosos que têm cachorros costumam se exercitar com mais frequência.

Outro trabalho divulgado no mesmo ano pela Revisa de Medicina apontou o pet como “o principal agente da terapia que funciona como ponte de ligação entre o tratamento e o idoso”. De acordo com o estudo, os animais de estimação ajudam a evitar o estresse e a ansiedade, fatores que contribuem para o surgimento de doenças cardiovasculares.

13 problemas ligados a situações de estresse contínuo

A pedido do portal do Instituto de Longevidade, a neurologista Thaiz Fernandes listou alguns problemas que podem se desenvolver em pessoas que vivem constantemente em situações de estresse. Veja a seguir:

1. Insônia

É o famoso “fritar na cama”, quando você fica virando de um lado para o outro a noite inteira, com os problemas fazendo barulho em sua mente. Perder uma noite de sono por causa do estresse traz dificuldade de concentração, irritabilidade e falta de motivação. O estresse também pode provocar alterações hormonais no organismo e causar interrupções do sono durante a noite, comprometendo a qualidade do descanso.

2. Queda de cabelo em excesso

Médicos alertam que não há uma ligação direta entre o estresse e a queda do cabelo, mas admitem que é uma queixa recorrente em pacientes com problemas ocasionados pelo estresse.

3. Alergias de pele e acne

Níveis elevados de cortisol na corrente sanguínea causam um excesso de produção de óleo, o que certamente vai contribuir para o surgimento de espinhas no rosto, braços e costas.

4. Gastrite e úlceras

Um dos órgãos que mais sofrem com o estresse é o estômago e se torna comum o desenvolvimento de problemas como gastrite e úlceras. A ligação é diretamente proporcional: quanto mais tempo permanecer sob uma situação de estresse, maiores serão os danos às paredes estomacais.

5. Imunidade baixa

O desequilíbrio de substâncias no organismo causado por repetidas situações de estresse pode causar uma baixa significativa na imunidade, acarretando um número bem amplo de doenças.

6. Dores de cabeça

Situações de estresse causam a contração muscular involuntária. Quando ocorre na musculatura do pescoço, pode causar uma forte dor de cabeça, classificada como tensional.

7. Mudanças de apetite

O estresse prolongado pode impactar o sistema digestivo aumentando a acidez no estômago, o que causa a indigestão e o desconforto, além de contribuir para o desenvolvimento de úlceras. Entre os transtornos alimentares causados pelo excesso de estresse estão a compulsão alimentar e a anorexia. Eles acontecem porque, quando o corpo está sobrecarregado ou fora de controle, tenta encontrar maneiras de lidar com esses sentimentos desagradáveis através da alimentação.

8. Ganho de peso

Pesquisas indicam que os altos níveis de cortisol, liberados pelo organismo em situações de estresse, podem causar um acúmulo de gordura na região da cintura, assim como à diminuição do metabolismo. Além disso, pessoas estressadas tendem a sentir uma vontade maior por ingerir açúcar, que dá energia para o corpo, mas que leva ao ganho de peso.

9. Tonturas

O labirinto, órgão na área interna do ouvido, pode ser diretamente afetado por uma situação de estresse, podendo ocasionar desconforto à pessoa e a sensação de tontura. Em casos mais graves, pode levar a uma inflamação do labirinto, popularmente conhecida como labirintite.

10. Depressão

Além de um aumento do peso e dos níveis de gordura abdominal, doses elevadas de cortisol também podem levar à depressão. Isso acontece pela redução da serotonina e da dopamina causada pelo estresse.

11. Problemas cardiovasculares

A compressão de artérias e veias que acontece em situações de estresse leva à diminuição do fluxo sanguíneo, provocando batimentos cardíacos irregulares e até o endurecimento das artérias. A situação pode aumentar o risco de formação de coágulos, AVC e até infarto.

12. Prisão de ventre e Síndrome do Intestino Irritado

Gases, diarreia e distensão abdominal são alguns dos problemas que podem surgir em situações de estresse, devido a contrações anormais no intestino e sua maior sensibilidade. Uma situação de estresse contínuo pode causar alterações permanentemente, resultando em síndrome do cólon irritável. Em outros casos, por alterar a flora intestinal, o estresse pode ocasionar o problema inverso, e levar a um quadro de prisão de ventre.

13. Distúrbios sexuais

Questões que levam ao estresse também podem causar a diminuição do desejo sexual. Isso porque elevados níveis de cortisol suprimem os hormônios sexuais naturais do corpo. A ciência também identificou que mulheres com altos níveis de uma enzima ligada ao estresse tiveram mais dificuldade para engravidar.

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