Em dez anos, o número de pessoas com diabetes no Brasil cresceu 61,8% – passou de 5,5% da população em 2006 para 8,9% em 2016. Mais de 90% dos diabéticos têm o tipo 2, que pode ser influenciado pela genética, mas é causado principalmente por causa dos hábitos não saudáveis, como o sedentarismo e a ingestão excessiva de açúcares e carboidratos.

E quem tem mais idade é mais afetado. Entre os 55 e 64 anos, o índice de pessoas com diabetes tipo 2 sobe para 19,6%. Após os 65, salta para 27,2% e representa a taxa mais alta entre todas as faixas etárias, segundo pesquisa do Ministério da Saúde, que entrevistou 53 mil brasileiros, divulgada no ano passado. 

De acordo com a endocrinologista Vanessa Aoki Costa, o diabetes tipo 2 tende a aparecer conforme o estilo de vida. Pessoas mais sedentárias e obesas são mais vulneráveis, assim como as mais velhas, devido à debilitação do organismo e ao possível aumento da resistência à insulina.

E, para essa população, o tratamento também é mais sensível, explica a geriatra e clínica-geral Luciana Pricoli Vilela, já que o risco de desnutrição é maior. Vanessa complementa: “As limitações da própria idade também podem se tornar um empecilho, como dificuldade de realizar os exames, e comparecer às consultas, além de limitação de locomoção, audição e visão".

Complicado ou não, o fato é que o diabetes requer acompanhamento constante em consultas trimestrais e com a realização de exames de prevenção e de controle. Assim, é possível tentar evitar complicações renais, doença arterial periférica (em que o menor fluxo de sangue para os pés reduz a sensibilidade e pode levar a infecções ou amputação), cegueira, infarto e acidente vascular cerebral.

Nesse contexto, o apoio da família e dos amigos é importante. "Eles são um elo fundamental para o sucesso do tratamento”, reforça Vanessa. Ela sugere que os mais próximos participem de uma dieta sem açúcares e com quantidade reduzida de carboidratos. Luciana indica a prática conjunta de atividade física, como caminhadas regulares.  

O apoio emocional é igualmente benéfico. Segundo Vanessa, a doença é complexa e pode afetar o bem-estar e a autoestima. Demonstrações de afeto são parte da solução. Saber como evitar comentários pouco adequados também.

Confira abaixo o que não deve ser falado a pessoas com diabetes tipo 2 (e qual é a melhor forma de abordagem).

O que (não) dizer a uma pessoa com diabetes 

Evite: Eu não teria coragem de furar o dedo tantas vezes e de fazer tantas aplicações.  

Diga: É muito corajoso da sua parte saber lidar com tudo isso. 

Evite: Não vou te oferecer, você não pode comer mesmo. 

Diga: Eu não sei se você pode comer isso, mas você aceita um pouco? 

Evite: Deve ser triste não poder ter uma dieta normal.  

Diga: Deve ser difícil ter que diminuir e controlar tantas coisas na alimentação. 

Evite: Ainda bem que eu não tenho diabetes, porque adoro doce! 

Diga: Deve ter sido difícil pra você abrir mão dos doces. Não sei se eu conseguiria.  

Evite: Você parece tão normal, nem parece que tem diabetes! 

Diga: Você parece muito bem! Como você está hoje? 

Evite: Você pode mesmo comer isso? 

Diga: Isso parece gostoso, vou pegar também!  

Evite: Tenho comido muito doce. Vou pegar diabetes! 

Diga: Estava pensando em maneirar nos doces. Você tem alguma dica?

Evite: Você passa fome? 

Diga: É difícil seguir uma dieta equilibrada? 

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