Eles chegam insatisfeitos com a gordura corporal, o nariz ou as pálpebras; elas, com gorduras localizadas ou mamas. O fato é que, independentemente do motivo, a longevidade levou a um crescimento na procura por cirurgias plásticas depois dos 50 anos de idade, diz Paolo Rubez, médico-assistente da disciplina de cirurgia plástica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

 

O aumento da expectativa de vida faz com que as pessoas procurem envelhecer melhor, tanto fisicamente quanto mentalmente”, afirma o especialista. Além disso, ele acrescenta que “hoje as pessoas são profissionalmente ativas até uma idade mais avançada, e estar fisicamente bem e jovial está associado a uma melhor imagem de produtividade e inserção profissional”.

A seguir, os principais trechos de sua entrevista ao portal do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon.

Paolo Rubez Legenda: Paolo Rubez, médico-assistente da disciplina de cirurgia plástica da Unifesp e especialista em rinoplastia e cirurgia de enxaqueca pela Case Western University, em Cleveland (EUA); crédito: Divulgação

 

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – O aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo está levando a uma maior procura por cirurgias plásticas?

Paolo Rubez – Sim, o aumento da expectativa de vida faz com que as pessoas procurem envelhecer melhor, tanto fisicamente quanto mentalmente. A cirurgia plástica está diretamente ligada à melhora física e de autoestima das pessoas. Além disso, hoje as pessoas são profissionalmente ativas até uma idade mais avançada, e estar fisicamente bem e jovial está associado a uma melhor imagem de produtividade e inserção profissional.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Quais são as cirurgias plásticas mais comuns depois dos 50 anos de idade?
Paolo Rubez As faciais, como a blefaroplastia (remoção de pele das pálpebras superiores e/ou inferiores), a ritidoplastia (eliminação de rugas) e a suspensão de supercílios.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Há algum tipo que vem crescendo entre esse público?
Paolo Rubez O rejuvenescimento facial como um todo está crescendo nesse público, mas, nos últimos anos, a ritidoplastia associada ao preenchimento facial com gordura tem crescido muito em todo o mundo, pelas comprovações científicas do benefício deste tratamento.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Quais seriam?
Paolo Rubez  A lipoenxertia (preenchimento com gordura) é um dos principais avanços da cirurgia plástica nos últimos anos e usado para qualquer parte do corpo. As pesquisas mostram a melhora na qualidade da pele da região que recebe a gordura, pela presença de células-tronco. Além disso, é um material do próprio organismo, sem riscos de reações e sem custos adicionais. Outra vantagem é a permanência do preenchimento, que é definitivo. Ele é usado com bons resultados tanto para cirurgias estéticas quanto para reparadoras, por exemplo para melhora de feridas e queimaduras.


Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – As cirurgias plásticas depois dos 50 anos de idade são mais procuradas por saúde ou por estética?
Paolo Rubez A cirurgia plástica é indivisível e contempla tanto o tratamento estético quanto o reparador. A parte estética é a mais abordada pela mídia e a de maior interesse das pessoas, porém diversas patologias são tratadas a partir dessa especialidade, como as queimaduras, os cânceres de pele, os traumas faciais, as fissuras labiopalatinas e, mais recentemente, a enxaqueca.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – E como é o tratamento da enxaqueca?

Paolo Rubez  Há quase duas décadas, iniciaram-se as pesquisas a respeito do tratamento cirúrgico da enxaqueca, a partir de relatos espontâneos de pacientes submetidos a cirurgias estéticas da face. Diversos trabalhos científicos comprovaram a melhora dos quadros a partir da cirurgia para descompressão dos nervos periféricos responsáveis pela sensibilidade nos pontos de dor. A cirurgia é feita de forma superficial, através de incisões pouco perceptíveis e sem riscos de sequelas neurológicas graves.

“Envelhecer melhor significa prolongar a vida economicamente ativa e os relacionamentos, que por sua vez são potencializados por uma autoestima elevada por um físico agradável aos olhos”

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – No geral, as cirurgias plásticas resultam em melhor qualidade de vida?
Paolo Rubez – A cirurgia plástica está comprovadamente associada à melhora da autoestima. Isso faz com que melhore, portanto, a qualidade de vida e a forma como as pessoas encaram o envelhecimento, de maneira mais saudável.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Além do resgate da autoestima, o que leva a maioria dos pacientes a optar por uma cirurgia plástica após os 50 anos de idade? Manter uma aparência jovial para o mercado de trabalho ou para um novo parceiro sexual?
Paolo Rubez  Todas essas opções. O aumento da expectativa de vida e a maior consciência do cuidar da saúde estão diretamente ligados à procura pela cirurgia plástica. Envelhecer melhor significa prolongar a vida economicamente ativa e os relacionamentos, que por sua vez são potencializados por uma autoestima elevada por um físico agradável aos olhos.

“As maiores queixas dos homens são quanto à gordura corporal, nariz e pálpebras; das mulheres, são mamas e gorduras localizadas”

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Na sua percepção, qual é a maior insatisfação do homem com seu corpo? E a da mulher?
Paolo Rubez As maiores queixas dos homens são quanto à gordura corporal, nariz e pálpebras; nas mulheres são mamas e gorduras localizadas.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Essa insatisfação é diferente entre cinquentões, sessentões e setentões?
Paolo Rubez Em geral, nessas faixas etárias a queixa é semelhante e voltada para os sinais do envelhecimento facial.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – E as cirurgias íntimas? Estão em alta?
Paolo Rubez Sim. Houve um aumento exponencial de cirurgias íntimas femininas nos últimos anos, principalmente porque os próprios profissionais passaram a informar as pessoas a respeito dessa possibilidade e pelo surgimento de novos tipos de tratamentos e tecnologias para a região.


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Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Em toda cirurgia, no entanto, há sempre um risco, e ele é maior quanto maior a idade. O que deve ser ponderado nessa equação?
Paolo Rubez A idade costuma estar associada a uma maior incidência de problemas de saúde, que, muitas vezes, não estão bem controlados. Na medida em que a pessoa está saudável, com bom controle das patologias e exames sem alterações, os riscos cirúrgicos são muito minimizados e semelhantes aos de pessoas mais jovens. Nesses casos, os cuidados são como para qualquer idade. Por exemplo: evitar cirurgias muito longas e que dependam de uma recuperação lenta.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Por conta do envelhecimento natural do organismo, há particularidades nas intervenções plásticas nessa faixa etária? O resultado é diferente? E o pós-operatório?
Paolo Rubez O impacto do envelhecimento no organismo está muito ligado à forma com que a pessoa envelheceu e com os cuidados que ela tem com o corpo. Obviamente, uma mesma pessoa tem uma capacidade mais lenta de recuperação hoje do que quando tinha 40 anos a menos, porém os exames pré-operatórios e o controle das patologias é que terão um peso maior para a cirurgia.

Faixas etárias mais avançadas devem evitar cirurgias muito longas e que envolvam muitos segmentos do corpo, pois o trauma cirúrgico é maior e irá exigir mais da saúde para recuperar. No entanto, as orientações de pós-operatórios são semelhantes, e os resultados também podem ser muito satisfatórios, respeitando as características de cada um.

Instituto de Longevidade Mongeral Aegon – Há casos em que o cirurgião não recomenda a cirurgia plástica? Quando isso acontece?
Paolo Rubez - Sim. A realização de uma cirurgia plástica deve levar em conta a saúde do paciente e as expectativas do mesmo. Um paciente que não esteja em boas condições de saúde deve postergar a cirurgia plástica, pois trata-se de um procedimento eletivo, e que pode esperar o controle das inadequações.
De mesma importância é o alinhamento entre a expectativa do paciente com o resultado e o que o médico e a cirurgia são capazes de oferecer. Na medida em que não houver uma sintonia nesse quesito, a cirurgia não deve ser realizada, a fim de se evitar frustrações e decepções futuras.

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