Poucas moléculas gozam de tanto prestígio no imaginário coletivo quanto as vitaminas. Segundo o senso comum, elas são sinônimo de saúde e não fazem mal, mesmo em megadoses.

Essa ideia ganhou força quando o ganhador do Prêmio Nobel de Química Linus Pauling publicou o livro Vitamin C and the Common Cold” (Vitamina C e a Gripe Comum, em tradução livre), que dava uma solução mágica para erradicar a gripe do planeta: a ingestão diária de 3.000 miligramas de vitamina C, cerca de 50 vezes o recomendado.

Como não são remédio, suplementos vitamínicos podem ser veiculados e propagandeados sem problema em todos os meios de comunicação. Na disputa por esse mercado, dezenas de marcas alegam que suas combinações são melhores que as dos concorrentes.

Não há dúvidas que pessoas com deficiências de vitaminas devem fazer a sua reposição, como é caso da deficiência de vitamina B12, causa comum de anemia e falhas de memória. A questão é saber se pessoas saudáveis teriam algum benefício em tomar esses suplementos a longo prazo.

Não há benefício algum, em termos de mortalidade, em tomar suplementos multivitamínicos

Felizmente já existem vários e bons estudos que acompanharam usuários por vários anos. Compilados os dados, o resultado é bem claro: não há benefício algum, em termos de mortalidade, em tomar suplementos multivitamínicos.

Ou seja, se você busca viver mais e melhor, não é em vitaminas que você deve investir o seu dinheiro. Até porque algumas marcas, com grande investimentos em design e marketing, podem custar mais de R$ 100 por mês! O que isso tudo gera, certamente, é a sensação de que estamos cuidando bem de nós mesmos.

Vale ressaltar que esses estudos não excluem a possibilidade da suplementação com algumas vitaminas específicas trazer algum benefício para um determinado problema, mesmo quando não estejam deficientes.

Por exemplo, há evidências de que a suplementação com vitaminas do complexo B exerçam uma discreta melhora na memória de pessoas com problemas de memória. Mesmo doses ainda maiores de vitamina C do que as sugeridas por Linus Pauling, administradas por via intravenosa, podem ter efeitos benéficos em pacientes com câncer, como sugerem alguns estudos.

Indicação médica e estudos científicos são a melhor referência para decidir tomar vitaminas _ ou não.

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