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As promessas e as questões da tecnologia existente

A comunicação de hoje é móvel. Computador e tecnologia oferecem grande potencial de conectar pessoas e disseminar informação sob medida. Muito da interação no dia a dia é feita por celular ou por aplicativos para smartphone. Manter-se atualizado sobre mudanças tecnológicas e novos desenvolvimentos se torna o desafio-chave, particularmente para a geração mais velha.

Pegue o smartphone: é uma ferramenta versátil, que pode fornecer aos usuários informação de localização, lembrar de fazer coisas como tomar remédios, conectar com a família e os amigos, encontrar negócios locais e, claro, fazer telefonemas. O setor de saúde e bem-estar está desenvolvendo aplicativos para capitalizar nesse terreno. Estima-se que o tamanho do mercado para aplicativos de saúde (mHealth) cresça muito nos próximos anos.

Para uma população que envelhece – só nos Estados Unidos, pessoas com 65 anos ou mais totalizaram 40,3 milhões em 2010 e vão aumentar para 72 milhões em 2030 (Administration on Aging, “Aging Statistics” (2011)) –, esses desenvolvimentos prometem ajudar pessoas a permanecerem com a vida ativa e conectadas a amigos, família e redes de suporte, assim como fazer os cuidados em saúde mais custo-efetivos.

O emprego de tecnologia mHealth, tanto por reduzir os custos dos cuidados com saúde quanto por  minimizar o peso econômico sobre os cuidadores, pode economizar bilhões de dólares em custos com cuidado em saúde. Em 2014, essa economia foi estimada entre US$ 1,96 bilhão e US$ 5,83 bilhões (Mobile Healthcare Opportunities, Monitoring Applications & mHealth Strategies 2010-2014 Juniper Research, April 13, 2010).

Por isso os benefícios potenciais da tecnologia móvel são claros. Mas entre as soluções que surgiram até agora, poucas são reais, viáveis, economicamente praticáveis e, de fato, orientadas às necessidades da população que está envelhecendo. Há uma série de razões. O uso e aprendizado de grande parte da tecnologia é complicada, e uma interface simples é especialmente importante no caso de pessoas mais velhas, que podem ser um pouco resistentes a novos produtos. Muitas pessoas não querem ser vistas usando um produto projetado para auxiliar “pessoas velhas”.

Áreas importantes ainda precisam desenvolver tecnologia especificamente projetada para usuários mais velhos. Um estudo recente da Blindsight encontrou quatro áreas carentes: acesso à informação, envolvimento e contribuição à sociedade, custo-efetividade e conectividade intergeracional.

As indústrias precisam fazer com que as características e funções relevantes sejam disponíveis e acessíveis a todos os usuários. Trabalhar próximo aos usuários finais tem se tornado um requisito essencial no desenvolvimento de novas soluções.

Afinal de contas, quem entende suas necessidades e desejos melhor do que os próprios usuários?

Revelando as necessidades ainda não atendidas para uma vida independente

Não tente entender o que consumidores mais velhos podem pensar ou querer, mas permita-os coprojetar exatamente o que querem (Prof. Frank Piller, chefe de pesquisa na RWTH Aachen, Germany, Departamento de Gestão de Tecnologia e Inovação).

O desafio da mudança demográfica também constitui uma enorme oportunidade. Pessoas mais velhas são uma significativa e crescente reserva de conhecimento e recursos, e elas querem desenhar produtos e serviços ativamente. Mas hoje suas ideias e contribuições raramente são usadas no desenho e no desenvolvimento de produtos.

Uma solução é um processo chamado cocriação, que integra usuários no processo de desenvolvimento e continuamente os engaja na geração de ideias, busca de resolução para o problema e identificação das necessidades. A forma mais popular de cocriação é o concurso on-line de ideias. Nessas competições, é pedido a usuários finais para apresentarem suas ideias, e membros da comunidade on-line discutem as soluções ou dão sugestões. Esse intercâmbio de ideias cria uma comunidade na qual as companhias podem atingir e interagir com os futuros consumidores e definir suas necessidades e soluções específicas.

Uma competição pediu aos usuários para desenhar a próxima geração de telefones móveis, com tremendo sucesso. Quase 10 mil pessoas enviaram mais de 200 ideias, muitas das quais foram além do aparelho e suas características.

Muitos desses concursos de inovação têm sido conduzidos na Europa. Por exemplo, uma competição pediu aos usuários para desenhar a próxima geração de telefones móveis, com tremendo sucesso. Quase 10 mil usuários enviaram mais de 200 ideias, muitas das quais foram além do aparelho e suas características. As pessoas foram muito criativas no desenvolvimento de serviços em torno do aparelho e algumas de suas ideias foram transformadas em produtos de fato.

Um concurso semelhante foi conduzido nos Estados Unidos durante o verão de 2012. O concurso “Fazendo a Tecnologia Trabalhar para os Seniores” buscou maneiras de usar as várias oportunidades da tecnologia móvel para a população que envelhece com uma vida ativa. A diversidade de parceiros apoiando esse concurso, incluindo Blindsight, uma companhia de pesquisa da Califórnia com financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde; emporia; AARP; operadoras de telefonia celular, como Verizon Wireless e Deutsche Telecom AG; assim como empresas de capital de risco, sinaliza a importância de envolver americanos mais velhos no desenvolvimento de produtos e serviços inovadores que são relevantes para suas necessidades.

Um mecanismo para aproveitar o potencial de inovação de pessoas mais velhas

Fazer as pessoas mais velhas parte integral do processo de criação de produtos e serviços será um catalizador para identificar novas maneiras de interação, cuidado, monitoramento de saúde e comunicação usando tecnologia móvel.

A base é uma plataforma de inovação aberta e interdisciplinar onde produtos e serviços inovadores são oferecidos, avaliados e desenvolvidos com pessoas mais velhas como o grupo consumidor primário.

A cocriação oferece a integração do consumidor e, assim, cria um alto valor para os produtores e provedores de serviço e reduz o risco de fracasso no desenvolvimento de produtos e serviços

Há benefícios dessa abordagem para o provedor de serviços também. A cocriação oferece a integração do consumidor e, assim, cria um alto valor para os produtores e provedores de serviço e reduz o risco de fracasso no desenvolvimento de produtos e serviços. Além disso, a cocriação pode ir muito além da criação de novos produtos.

Isso ativa os recursos subutilizados dos “jovens velhos” e os integra numa vida social mais rica ao engajá-los em uma comunidade. Isso possibilita uma perspectiva mais ampla de serviço, em que eles se tornam parte integral da oferta e do abastecimento do serviço, como uma forma de permanecer comprometido, ativo e independente dentro e fora da comunidade.

Desse modo, vemos benefícios na alta qualidade dos produtos e serviços desenvolvidos – para o produtor ou o provedor de serviço, e, acima de tudo, para pessoas mais velhas que estão comprometidas no processo e na comunidade construída no entorno desse engajamento.

Uma plataforma bem-sucedida para o engajamento de americanos mais velhos na criação de serviços e produtos que serão úteis para eles servirá para alimentar um senso de propósito, aumentar a interação intergeracional, ampliar a independência e aumentar a habilidade de permanecer ativo na vida – tudo permitindo a eles próprios criar soluções para suas necessidades, permanecer envolvidos, interagir e inovar, de forma a tornar realidade a promessa do mHealth.

Sobre os autores

Na Blindsight Corporation – uma empresa de pesquisa e desenvolvimento, que cria soluções usando dispositivos inteligentes e aplicações para auxiliar na independência de pessoas mais velhas, assim como aquelas com baixa visão e cegas –, Frank Wippich encabeça as atividades de desenvolvimento de hardware e software de dispositivos móveis e serviços assistivos para uma vida independente de pessoas com necessidades de acesso.

Ao longo de sua carreira como gerente de processo e de produto nas áreas de alta tecnologia e automotiva, ele tem criado inovação, colaboração, diversidade cultural e desempenho criativo com consumidores e parceiros de atividade alavancando seu extensivo trabalho profissional pelo mundo e sua experiência acadêmica na Ásia, nos Estados Unidos e na Europa.

Suas conquistas acadêmicas incluem MBA em Henley Business School (Reino Unido) e bacharelado em engenharia e gestão de tecnologia da Universidade de Huddersfield (Reino Unido) e da Universidade de Ciências Aplicadas de Jena (Alemanha).

Karin Schaumberger estudou negócios e economia na Universidade Johannes Kepler, em Linz. Na emporia Telecom, líder mundial em telefones simples (“easy-to-use”), ela tem sido responsável pela comunicação e pela pesquisa de clientes desde 2004. Seus anos de experiência na emporia a transformaram em especialista em comunicação para consumidores mais velhos, e a ensinaram a seguir como lei as necessidades dos clientes.

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