Fim do casamento, demissão, ganho de peso, voltar a fumar. A sensação de fracasso pode estar escondida em grandes ou pequenos marcos na vida e vir acompanhada de raiva, tristeza e decepção. “Nosso cérebro é programado para o sucesso. Quando o que idealizamos está distante do que conquistamos, nos sentimos fracassados”, diz a pedagoga Marina Paradanta, pós-graduanda em gerontologia e saúde do idoso.
Segundo ela, “é comum pessoas chegarem à maturidade e fazerem uma reflexão de vida e se considerarem fracassadas”. Essa avaliação pode ser pelo seu desempenho profissional, pela criação dos filhos, pelos casamentos ou da falta deles, exemplifica.
Remoer e se punir quando algo tem um resultado diferente do esperado pode até ser comum, mas não é a melhor estratégia para lidar com a situação. Mas há formas de encarar o fracasso e superá-lo. Confira a seguir.
- Identifique
Tristeza, culpa, raiva, baixa autoestima, decepção, hostilidade, medo, luto. Quando algo não corresponde às expectativas, é natural ter a sensação de frustração e perda. Mapeie o que você está sentindo e por quê.
“Identificar todos esses sentimentos depende muito da história de vida de cada um de nós. Para alguns, identificar, sentir, sofrer, agir e superar a situação pode ser facilmente alcançado”, afirma Marina. Para outros, diz ela, “esses sentimentos podem causar danos tanto na saúde física, quanto mental”. Se lidar com a frustração for muito difícil, o mais indicado é procurar um especialista.
- Pare
Separe momentos no dia para acalmar a mente antes de fazer avaliações. Meditação, esporte ou alguma atividade que você goste são algumas opções. Essas pausas ajudam a “fazer uma limpeza mental e ter condições elevadas de percepção”, considera Andréa Duque, coaching de desenvolvimento humano e comunicação, palestrante e facilitadora da Unipaz-SP. “Em uma mente tomada por preocupações, é mais difícil fazer avaliações e encontrar novas formas de pensar.”
- Questione
Por que isso aconteceu? Para essa pergunta, a resposta tem de estar em si mesmo, não no outro. Ainda que a situação tenha a influência de outras pessoas, o importante é se investigar.
Se houver erros no caminho, entenda o que aconteceu. “As fraquezas não são nossas inimigas”, sinaliza a psicóloga Fernanda Aoki, docente do programa de psicanálise da FSP. E acrescenta: “Não temos o controle de tudo”.
- Dimensione
Aqui pode estar o maior inimigo da jornada, segundo Fernanda. Nesse ponto, é preciso ter clareza de que algo fracassou – uma tarefa, um relacionamento –, e não a pessoa. Existia uma expectativa que não foi correspondida. Andrea complementa: “A forma como você enxerga é que determina se algo é fracasso ou sucesso”.
- Entenda-se
Nenhum ser humano é super-herói. Esperar alguém apenas com qualidades e sem defeitos é irreal.
- Aprenda
Que lições você pode tirar do que aconteceu? Andrea diz que é preciso abrir o campo de visão. “Qual é o ‘sim’ que essa situação está me trazendo? Que convite à mudança ela está me fazendo?”, questiona.
“Quando encaramos uma decepção como aprendizado, estamos reconhecendo que podemos tentar realizar algo de outra forma, ou seja, de que forma podemos agir numa próxima tentativa, ou daqui para a frente e não repetir o que sempre foi feito”, ensina a pedagoga.
- Valorize-se
Uma das formas de superar o que aconteceu é lembrar de suas qualidades. Lembre de características e comportamentos em que você se destaca. Pode ser em uma determinada tarefa no trabalho, em uma atividade (como crochê, ioga) ou nos relacionamentos (cuidando dos filhos ou netos).
- Acompanhe
Essa é uma tarefa permanente: perceber se você está se sentindo um fracasso e mudar a forma de pensar, buscando enfoques mais positivos. “Não é automático, mas um exercício”, ressalta Andrea. Há crenças que estão cristalizadas depois de alguns anos. Mas, com esforço, é possível transformá-las.
- Respeite-se
Falhar é natural do ser humano. Vitimizar-se e punir-se, no entanto, não é saudável. “Um pensamento gera uma ação e muda a nossa realidade”, destaca Andrea.
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