Nostalgia não tem preço. Nem limites. Com saudades dos ruídos e do minucioso processo de trocar a agulha e levar o braço até a faixa desejada, para ouvir primeiro o lado A e depois o lado B, colecionadores e apaixonados por música nunca se conformaram com o fim da produção do disco de vinil.

Tanto protestaram e pediram pela volta do formato que, em 2016, a Sony anunciou que voltaria a fabricar disco de vinil devido ao aumento da demanda global pela música analógica. A decisão veio quase 30 anos depois de a empresa ter cancelado a produção das bolachas.

A partir daí, gravadoras de todo o mundo buscaram se readaptar ao renascimento do disco de vinil graças ao número crescente de lançamentos de alguns artistas e bandas no antigo formato. A Deckdisc lançou Nação Zumbi, Pitty e Fernanda Takai, vocalista da banda Patu Fu em Long Play (LP). A Polysom, única fabricante de vinil da América Latina, aproveitou e fechou contrato com outras gravadoras, lançando com a mesma arte original os discos de Ultraje a Rigor e Jorge Ben Jor. Enquanto isso, formatos mais populares, como o CD, enfrentam uma expressiva queda nas vendas.

Devido à estagnação do setor nesses 30 anos, pouco se evoluiu em tecnologia para gravação em LP, pois acreditava-se que o formato não voltaria mais a ser usado. As prensas disponíveis eram as mesmas que trabalharam incansavelmente entre as décadas de 1950 e 1980. Com isso, os fãs do vinil têm que aguardar meses por um novo LP por causa da velocidade de preparo dos álbuns.

Mas a fabricante canadense Vinyl Technologies garante que a espera tende a diminuir com a chegada do WarmTone, um novo sistema que utiliza técnicas de engenharias modernas para produzir, de maneira confiável, os discos de vinil. O sistema também facilita tarefas mais complicadas, como a troca dos discos “carimbos” (a cópia negativa utilizada para prensar os discos), e moderniza outras, como a aplicação de um sistema de corte/empilhamento que agiliza a produção em larga escala.

No fim de 2015, a Nielsen, empresa que estuda o mercado consumidor em mais de 100 países, divulgou seu relatório registrando o décimo aumento consecutivo nas vendas de LPs nos Estados Unidos. Já na Inglaterra, as vendas de discos em 2014 alcançaram os números mais altos desde 1994.

O mercado brasileiro tem acompanhado a tendência mundial e a produção de discos de vinil vem aumentando consideravelmente. Só no ano passado, a segunda maior fábrica de discos de vinil começou a ser instalada na Zona Oeste de São Paulo, com capacidade de produção prevista para 140 mil discos por mês.

Mas a grande vantagem desse movimento saudosista é que, quando seus netos estiverem falando sem parar, você poderá dizer que eles engoliram uma agulha de vitrola... e todos irão entender... ;)

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