Entre na loja de um grande varejista de moda. O que você vê primeiro? Muitos vão responder: “peças para pessoas mais jovens”. Boa parte confeccionada com tecidos em cores vibrantes, ajustada ao corpo e com estampas arrojadas – o que nem sempre agrada às mulheres com mais de 50 anos.

Em 2014, um estudo feito pelo SPC Brasil e pelo portal de educação financeira Meu Bolso Feliz, com pessoas com mais de 60 anos de idade, mostrou que 20% delas sentiam falta de roupas voltadas à sua faixa etária. Realizado em 27 capitais, revelou ainda que a oferta de peças ou era voltada para os “jovens demais” ou para os “velhinhos demais”.

A professora Elizangela Gomes, da Sigbol Fashion, rede de cursos de moda, diz que as marcas já estão olhando mais para a mulher com mais de 40 anos – porque “é um consumidor em potencial”. “Há oferta para essas mulheres, inclusive focando modernidade em estilo e cartela de cor. Não são todas, mas uma parte já foca esse segmento”, considera.

“Elas consomem também e se cuidam – do visual, do cabelo, do corpo. Após os 50 anos, as mulheres buscam mais qualidade e uma modelagem que consegue usar de várias formas.” Na dúvida, ensina Elizangela, basta entrar na internet. “Há peças que podem ser encontradas em qualquer lugar”, sinaliza a especialista. Se tiver dúvidas de como combinar peças que estão na moda, basta fazer uma busca de imagens e verificar como elas se encaixam melhor, ensina.

Segundo ela, esses consumidores buscam uma modelagem mais solta, com peças que não expõem tanto o corpo, mas não abrem mão de tendências e de itens com sensualidade, decotes e transparências, desde que não sejam ousados demais.

“As mulheres nos seus 50, 60 e 70 anos, longe de envelhecerem sem vaidade, querem viver a vida ao máximo”

Para as consultoras Juliana Fish e Mariana Bueno, da Persona Imagem e Estilo, “algumas marcas e até grifes de luxo, aos poucos, percebem o valor em mostrar mulheres mais maduras”.

“Com o passar do tempo, a mulher vai ficando mais confiante e assumindo mais papéis. Ela passa a ter uma imagem pessoal que transmite uma mensagem escolhida por ela, através de um intenso processo de autoconhecimento de quem já viveu mais, se conhece mais e sabe o que funciona ou não”, dizem. “As mulheres nos seus 50, 60 e 70 anos, longe de envelhecerem sem vaidade, querem viver a vida ao máximo, por isso, estão abraçando ainda mais a indústria da moda e da beleza.”

O presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), Fernando Pimentel, explica que as empresas estão dando mais atenção a esse consumidor. “Trabalhar para esse público é interessante porque tem renda boa, com filhos muitas vezes já criados”, diz Pimentel, acrescentando que o setor movimenta R$ 188 bilhões, dos quais R$ 20 bilhões são estimados para quem tem mais de 60 anos de idade.

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