Ela nasceu com movimentos limitados nos braços, por causa de uma deficiência, mas isso não a impediu de, com “adaptações, muito amor e criatividade”, formar-se em Educação Artística e Letras e fazer especialização em Semiologia da Comunicação. “Sempre muito determinada e buscando autonomia”, Maria Goret Chagas diz que a limitação física libertou seus sonhos: “Crio asas, vou além”.

Foi pintando que seu talento aflorou. “Nasci com o dom, a neuroplasticidade fez o restante”, afirma a escritora e artista plástica reconhecida internacionalmente, que, aos 65 anos, se prepara para lançar seu terceiro livro, “Paralímpicos: o Sonho Fantástico de um Herói!”. “Não menos empolgante nesta obra são suas incríveis ilustrações, meticulosamente desenhadas com a boca e com os pés hábeis e inquietos da autora”, pontua Jairo Marques, colunista da Folha de S.Paulo, que assina o prefácio.

Maria Goret Chagas apresenta seu livro a alunos de escola pública; Crédito: divulgação. Maria Goret Chagas apresenta seu livro a alunos de escola pública; Crédito: divulgação.

O livro traz como protagonista um garoto que sonhava com a medalha de ouro olímpica e recebe o diagnóstico de paraplegia. “Me fixei na jornada do herói para contar essa história”, relata Maria Goret. “O Pedro passa por momentos difíceis e recebe um chamado que dá a ele a opção de ser ou não feliz. Ele abraça esse chamado e passa a competir na cadeira de rodas. Sua força de vontade é tão grande que a cadeira passa a ser um ser surreal, mágico.”

Leia os principais trechos da entrevista:

Assim como o personagem Pedro de “Paralímpicos: o Sonho Fantástico de um Herói!”, você também, quando criança, tinha limitações físicas, mas conseguiu superá-las. Como foi esse processo?

Adaptações, muito amor e criatividade por conta dos que me rodeavam. Família grande, tudo facilitava, ajuda mútua.

Mesmo sem movimentar os braços, você decidiu que queria pintar. E desenvolveu o seu jeito, usando a boca e os pés para isso. Você sempre foi assim, determinada? Onde buscou inspiração para a técnica?

Nasci com o dom, a neuroplasticidade fez o restante. O talento revelou-se através dos pés e da boca. Sempre muito determinada e buscando autonomia. Busco inspiração nas flores.

Quantos quadros você já pintou?

Infinitos, muitos. Pinto uns quatro por mês.

Detalhe de uma das aquarelas feitas por Maria Goret Chagas Detalhe de uma das aquarelas; Crédito: divulgação.

Quando você era criança, qual era a sua principal dificuldade? E como conseguiu superá-la?

Às vezes, em brincadeiras, mas nada que marcasse tanto, a superação era no dia a dia, quase sempre brincando, pintando. Creio que com a arte.

E hoje, aos 65 anos, qual é?

Da mesma forma, adaptando, buscando conhecimento e autonomia.

A maturidade ajuda a enfrentar desafios?

Sim, com certeza.

Que conselhos você dá para crianças com alguma limitação física?

Eu sempre digo: Você nasceu para ser feliz! Seja feliz e lute para que isso aconteça.

E para pessoas mais velhas, que estão enfrentando, agora, alguma dificuldade, como necessitando de uma cadeira de rodas?

Fé, gratidão por ainda ter esse recurso. Busque cultura, arte, música, se distraia, leia...

Estamos na véspera dos Jogos Paralímpicos. Você gosta de esportes? Pratica algum?

Sim, gosto muito, pratico natação.

Você acha que a limitação física engaveta sonhos?

A minha liberta sonhos. Crio asas, voo além.

E quais são os seus sonhos para o futuro?

Realizar sempre o que meu coração deseja.

Capa do livro “Paralímpicos: o Sonho Fantástico de Um Herói!”, escrito por Maria Goret Chagas Capa do livro “Paralímpicos: o Sonho Fantástico de Um Herói!”; Crédito: divulgação.

Lançamento do livro: “Paralímpicos: o Sonho Fantástico de um Herói!”
Quando: 6 de setembro, às 19h
Onde: Memorial da Inclusão, à av. Auro Soares de Moura Andrade, 564, portão 10, São Paulo, SP

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