A firmeza dos laços familiares depende de vários fatores. E muitas vezes ela é determinada não apenas pela relação de sangue mas também pela proximidade dos ideais de vida. Um bom exemplo disso está na solidez da união entre três gerações da linhagem dos Castelo, que estarão juntas para celebrar o Dia dos Pais.

A história dessa família atravessa diferentes regiões do Brasil – do Nordeste ao Sul do país. Aliás, foi a 105 km de Fortaleza, no município cearense de Guaramiranga, que nasceu José Edmar Castelo Batista, o patriarca desse grupo, hoje com 72 anos.

Dia dos Pais

Os sócios Leandro e Leonardo Castelo (à dir.); Crédito: Arquivo Pessoal

“Meus pais foram a minha referência”, afirma Edmar. E deles diz já ter herdado os valores que transmitiu aos próprios filhos: humildade, honestidade e resiliência.

Foi com esses princípios na bagagem que desembarcou em São Paulo, aos 20 anos. E desenvolveu uma sólida carreira na área de manutenção elétrica e eletrônica, a qual o levou a morar em diferentes pontos do território brasileiro.

Assim conheceu a mulher, a baiana Célia, hoje com 62 anos. Do casamento com ela nasceram Leonardo Castelo, atualmente com 42 anos, Leandro, 38, e Daniela, 34.

“Fui plantando essa semente neles: só é possível crescer trabalhando por conta”

Já bem cedo na vida dos “meninos”, como se refere aos filhos, José Edmar costumava dizer que “só é possível crescer trabalhando por conta”. “Fui plantando essa semente neles”, afirma.

O resultado foi colhido – e muito bem, por sinal – quando já estava aposentado da carreira na seara da manutenção. Foi em 2007 que a trajetória da família Castelo tomaria um novo rumo.

Era, então, chegada a hora de empreender. E nada de isso ser uma ideia imposta ou algo assim: a transparência de propósitos entre pais e filhos e a liberdade para traçar caminhos também são marcas registradas das relações entre eles.

“Eu aprendo todos os dias até com as crianças”, frisa Edmar.

Sempre juntos, não só no Dia dos Pais

O movimento foi conjunto e harmônico. Leonardo, que é engenheiro de produção, e Leandro deixaram seus empregos para montar um negócio com o pai. “Nunca tivemos vontade de empreender sozinhos”, ressalta Leonardo. “Queríamos fazer isso juntos. E em um ramo que impactasse todas as pessoas.”

Escolheram os produtos de limpeza. Começaram a vendê-los em São Paulo, em uma Kombi. Naquela época, João Victor Castelo, hoje com 21 anos, ainda era um garoto. Mas, em algumas dessas andanças comerciais, já acompanhava o pai, Leonardo.


Notícias, matérias e entrevistas sobre tudo o que você precisa saber. Clique aqui e participe do grupo de Whatsapp do Instituto de Longevidade!


De fato, João Victor, como estava ainda na infância, só entraria para valer nesse negócio familiar alguns anos mais tarde. Antes disso, retomando a cronologia dos fatos, José Edmar, Leonardo e Leandro concluíram que a capital paulista não era o berço ideal para seu empreendimento próprio. “Achava a cidade perigosa”, diz Edmar. “Queríamos começar em um lugar menor, com menos concorrência”, complementa Leonardo.

Um irmão do patriarca morava em Santa Catarina. O trio, então, resolveu partir para Joinville, no mesmo Estado. “A logística do município, com ligações para Florianópolis e Curitiba, seria muito útil para o nosso intento”, argumenta o primogênito de José Edmar.

O plano inicial era que os três se mudassem primeiro para a cidade catarinense para estabelecer a empresa e, seis meses depois, mulheres e filhos se juntassem a eles. “Só que os seis meses viraram dois anos”, conta Leonardo. “As coisas no princípio não andaram exatamente como a gente queria.”

“Quando temos os mesmos objetivos e olhamos para a mesma direção, as coisas se tornam mais fáceis”

Lembram-se do pilar da resiliência? Pois ele se mostrou bem firme à época. “Alugamos uma quitinete onde dormíamos em colchões”, diz.

O contrato de locação desse imóvel era de meio ano. Uma vez terminado, não tinham dinheiro suficiente para alugar outra moradia.

Dessa maneira, o trio passou a dormir, e isso se deu por um ano e meio, no galpão comercial que havia comprado como sede para a empresa familiar – batizada de Ecoville.

Dia dos Pais

Instalações da empresa em Joinville à época de sua fundação, em 2007; Crédito: Arquivo Pessoal 

“A união faz a força”, gosta de dizer Edmar. E, na base da cooperação mútua e de muito trabalho árduo, o empreendimento prosperou. “Quando temos os mesmos objetivos e olhamos para a mesma direção, as coisas se tornam mais fáceis”, confabula Leonardo.

E isso não significa que nunca haja rusgas entre os sócios. “Tem quebra-pau profissional, mas sempre pensando no melhor para a empresa”, pondera. “E não tem essa de ir pra casa depois e um ficar de cara virada para o outro.”

Hoje em dia, pai e filhos não vivem mais sob o mesmo teto, como na quitinete ou no galpão dos primórdios da Ecoville. Mas quase: Edmar e Célia e as famílias de Leonardo e Leandro moram no mesmo prédio. E todos estão sempre grudados.

Dia dos Pais: firmeza dos Castelo atravessa gerações

João Victor faz parte desse núcleo inseparável – mora com o pai, Leonardo. E, desde os 15 anos, já trabalha com ele. “Aos 17, recebi uma loja [da Ecoville] para gerenciar”, conta o jovem.

“Fiquei à frente dela durante um ano e meio, mas não cheguei lá do nada. Já tinha feito imersão em várias áreas da empresa, como a de vendas. Não quero ser visto como alguém que ocupa uma posição por ser filho do dono, mas pelo mérito de ter conquistado esse posto”, frisa.

Hoje, o primeiro neto de José Edmar, que se formou em administração, é responsável pela gestão de toda a operação de franquias da Ecoville – são 305 unidades franqueadas. E afirma que consegue separar muito bem as relações pessoais das profissionais com o pai e o avô.

Dia dos Pais

Atual modelo de veículo usado pela Ecoville, que substituiu as velhas Kombis; Crédito: Arquivo Pessoal 

“Eu não chamo meu pai de pai na empresa, trato-o por Leonardo ou Leo”, argumenta. Meu vô também chamo pelo nome. E a meu tio, que também é meu padrinho, me refiro como Leandro ou Lê.”

O rapaz confirma que seguir a trilha do pai e do avô no negócio da família nunca foi um caminho que lhe impuseram. “Meu pai sempre disse: estude e busque aquilo de que gosta”, ressalta. “E estar na Ecoville é exatamente o que desejo.”

Em seu discurso, adota ainda a postura de ter a humildade de aprender com os próprios erros, algo que é incentivado por Leonardo e Edmar. “Eles são meus ídolos”, diz. Edmar tem uma boa noção disso: “O João Victor segue todos os meus passos”.

E essa história está longe de terminar. No Dia dos Pais, quem estará por perto também é o caçula de Leonardo, Pedro Leonardo, de 9 anos. Que parece mesmo ser o xodó não só do pai, mas também do avô e do irmão.

“É um menininho que vemos já seguir muito o que temos em termos de valores”, orgulha-se João Victor. “Ele tem sangue empreendedor.” “Adora cantar e já criou um canal no YouTube , onde posta vídeos sobre disciplina e foco”, derrete-se Leonardo. A firmeza dos Castelo atravessa mesmo gerações.

Compartilhe com seus amigos