Quando se fala em debate político, o que vem à mente de muitas pessoas são as discussões, as brigas e as rupturas. Impeachment? Cassação de mandato de deputado?  Novas eleições?

Há respostas para tudo e pouco consenso. O que torna a situação uma grande oportunidade para a família, sinaliza o professor do Departamento de Psicologia Social da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) Hélio Roberto Deliberador, 60 anos. A troca de ideias em casa “é um bom treino intergeracional”.

O ambiente familiar, diz ele, é o ideal para esse tipo de conversa do ponto de vista de formação e cidadania. Direitos, deveres, democracia e participação política são temas que deveriam, sim, ir à mesa. “O tema política precisa ser trabalhado e processado no contexto de casa, para não ficar somente nas redes sociais.”

É a chance de pais e avós apresentarem um pouco de sua história e do processo de formação do Brasil. Também é o momento de filhos e netos aprenderem com a trajetória dos mais velhos e avaliarem como podem protagonizar transformações. “Somos uma democracia jovem e não temos cultura de participação política.”

E se as visões são conflitantes? O psicólogo diz que é preciso encarar isso como uma preparação para entender e viver a diversidade. Não tentar convencer alguém, mas estar aberto para escutar o outro, suas posições e suas justificativas. “Nós, brasileiros, estamos tendo oportunidade de aprimorar isso.”

Mas, às vezes, as emoções se sobrepõem à racionalidade. O problema, destaca Deliberador, é que, na empolgação de defender uma ideia ou na tentativa de convencer o outro, pode-se dizer algo para ferir. E isso traz ressentimentos.

Quando o tom se acalorar demais – e alguém elevar o tom de voz ou o conflito se estabelecer –, o melhor é interromper a discussão. Isso não quer dizer que o tema deva ser esquecido. “A realidade é dinâmica, vai trazendo novos dados, novas perspectivas.” Sempre vai haver assunto – desde que haja respeito entre todos.

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