Verdade seja dita, é bem comum os pais enxergarem os filhos como crianças que precisam de orientação. Algo que pode acontecer mesmo que tenham 35 anos. Tal situação tende a se intensificar quando eles se tornam pais e os novos avós não controlam os "pitacos". Porém, nem sempre os conselhos são muito bem-vindos e/ou aceitos.

Palpite é quando a pessoa dá uma opinião que não foi solicitada sobre a vida do outro. Ele considera o seu entendimento e sua visão. Muitas vezes, ao falar algo sem entender ou conhecer a realidade alheia, a atitude pode levar a um cenário tenso. Algo que pode piorar se os comentários se tornarem constantes, principalmente quando os avós querem cuidar da criação dos netos.

"Nessas horas, cabe cautela. Agir apenas por uma perspectiva pode gerar um desconforto na relação e até sofrimento", alerta Adriana Dias Basseto, psicóloga clínica e professora do curso de psicologia da Pontifícia Universidade Católica - Campus de Toledo.

É claro que conversar, compartilhar dúvidas, medos e receios é algo saudável e que a construção de um pai e uma mãe é um aprendizado desconhecido, que demanda certo tempo. Mas é importantíssimo que isso ocorra quando for solicitado aos avós, bem como a necessidade de haver autoavaliação sobre os limites que não devem ser atravessados.

A seguir, Adriana Dias Basseto e o psicólogo Yuri Busin, doutor em neurociência do comportamento e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio (CASME), listam algumas frases que deveriam ser evitadas.

Uma avó beijando a testa do neto. Imagens para ilustrar a matéria sobre avós. Crédito: Monkey Business Images/Shutterstock

7 frases que não devem ser ditas pelos avós

"Você não sabe o que está fazendo: deixa que eu faço!"

Por mais que os filhos aprendam com os pais, as gerações mudam, assim como a forma de ver a vida e os métodos. Não é porque você fez ou faz algo de determinado jeito que, obrigatoriamente, os outros farão da mesma forma. Também é crítico desabonar as atitudes alheias, principalmente se for na frente dos netos. Se os filhos pedirem ajuda, mostre a sua maneira e deixe que decidam como agir dali para frente.

"Você não sabe educar, porque na minha época...."

Nunca, jamais, em hipótese alguma compare formas de educação. São décadas de diferença, bem como formas distintas de ver o mundo. Por mais doloroso que possa ser, é normal que os filhos ajam de forma contrária ao que viveram durante a infância. Além disso, as próprias crianças – no caso, os netos – têm comportamentos bem discrepante dos da garotada que você costumava interagir.

"Sua esposa (ou marido) não sabe fazer tal coisa” 

Partir para críticas pessoais pode se revelar o ponto de partida de muitos conflitos. Por isso, nada de falar mais do que deve, nem se render a ataques pontuais. Respeite sempre o casal, mantenha a boa convivência e preserve o papel de cada um no relacionamento familiar.

"Cuidado com o que você come: vai dar cólica no bebê"

Por mais que frases desse tipo partam de uma opinião e da compreensão de atitudes que você fez ou vivenciou com os filhos, não é porque algo deu certo ou errado contigo que também vá acontecer com seus filhos e netos. Pitacos do gênero só desgastam a relação e não levam a caminho algum. Melhor deixar para especialistas médicos diagnosticarem o que realmente ocorre.

"Coitadinho: é muito cedo para ele ir para a creche e você voltar ao trabalho"

Esse é mais um exemplo de frases que demonstram dificuldade em entender as diferenças de gerações – e que revelam até certo preconceito em relação à mulher retornar sua vida profissional, preterindo a maternidade. Vale lembrar que são os novos pais que decidem a dinâmica da nova família, dentro da realidade financeira dos integrantes.

"Mas você não consegue fazê-lo dormir? Crianças precisam dormir às 9 da noite"

Outra frase que revela confronto de geração sobre a dinâmica familiar e, ainda, a dificuldade em perceber que os pais podem e precisam experienciar a vivência com o filho – e tirar as próprias conclusões de como agir com a criança.

“Que dedinhos ligeiros no celular! Não pode usar tanto. Aonde vai parar?"

Por mais que a preocupação sobre o acesso aos aparatos tecnológicos que as crianças têm hoje seja real, vale lembrar que a tecnologia está presente no dia a dia e cabe aos pais delimitarem as ações dos filhos. Comentários com críticas embutidas não ajudam em nada. Em vez disso, você pode contribuir estimulando outros tipos de atividades com os netos. Que tal convidá-los para pintar, cantar ou correr, em vez de só dar pitacos?


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