A carioca Fernanda Abreu, de 55 anos, está na estrada da música há 34. O começo desse caminho se deu em 1982, com a explosão da Blitz, banda que era liderada pelo músico Evandro Mesquita e emplacou o hit “Você não Soube me Amar”.

Mais de três décadas depois de a cantora e compositora ter emergido no cenário pop, o amor segue como temática central em sua carreira. O fruto mais recente da empreitada solo de Fernanda, iniciada nos anos 1990, é o álbum “Amor Geral” (2016), nome que também batiza a turnê de divulgação do disco.

A artista o classifica como o mais autobiográfico de sua trajetória – mas também um testemunho do contexto sociopolítico em que vivemos. “Diferentemente dos anteriores, é um trabalho bem particular, mas ao mesmo tempo universal”, afirma.

“O tema ‘amor geral’ sai da esfera privada porque a essência do amor é o respeito. Respeito ao ser amado, respeito a você mesmo, às escolhas do outro, às liberdades individuais e coletivas. Um antídoto contra o ódio e a intolerância.”

Fernanda Abreu crédito: divulgação

Se, no que tange ao caráter de autorreflexão e considerações sobre o mundo, o álbum representa uma guinada, em estilo ele é coerente com o legado musical de Fernanda – tem o som da energia ensolarada do Rio, que naturalmente induz a ritmos mais vibrantes. “Em termos de linguagem musical e estética, acho que consegui manter a essência do meu ‘groove’, mas dando passos à frente.”

Preservar a identidade sem cair no comodismo, buscando inovar mesmo no que já deu certo: a constante renovação criativa é fundamental para a sua profissão, na visão da cantora. “Todo artista, e todo mundo, na verdade, precisa colocar desafios para si próprio, reinventar-se”, diz. “Isso é a mola mestra da evolução e do dinamismo da vida.”

Esse constante arejamento nos palcos e nos estúdios é algo que cultiva também em outras esferas de seu cotidiano. A agitação da Fernanda “pública” encontra paralelo no pique da Fernanda “privada”: “No dia a dia, faço balé, cuido da casa, leio, ouço música, vou ao cinema, saio com meus amigos”, lista.

E é bastante apegada à família – namora o produtor musical Tuto Ferraz, de 49 anos, e é mãe de Sofia, 23, e Alice, 16. “Amo um homem que me ama e tenho duas filhas lindas que cresceram com valores importantes e serão grandes mulheres.”

“Correr contra o tempo é literalmente uma perda de tempo – e de energia”

Redescobrir-se sem abrir mão das crenças que embasaram o que já construiu é mesmo o ponto de equilíbrio de Fernanda Abreu, que nos últimos tempos enfrentou revezes como a morte da mãe e o fim de um casamento de 27 anos. O “amor geral”, segundo ela, refere-se também ao sentimento necessário para entender e superar essas dificuldades – processos tão naturais como o próprio envelhecer.

“Ninguém está imune ao envelhecimento, é o ciclo da vida”, afirma. “Ir contra esse processo é uma bobagem. Claro que devemos cuidar da saúde física e mental para continuar a trabalhar com dignidade. Porém vemos hoje no mundo uma espécie de ditadura da eterna juventude e da beleza que, na minha opinião, é exagerada e cruel para com quem cai nessa, porque correr contra o tempo é literalmente uma perda de tempo – e de energia.”

Fernanda Abreu crédito: divulgação

Assim, “o lance”, para ela, “é fazer as pazes com cada fase da vida e buscar um corpo saudável e uma mente sã.” Em relação ao físico, cuidados simples, mas eficazes, já fazem a diferença, como trocar o verso que cantava em “Você não Soube me Amar” – “Amor, pede uma porção de batata frita” – por combinações mais salutares no prato e não se esquecer do protetor solar no rosto para enfrentar o “Rio 40 graus”. Mentalmente, a estabilidade emocional está enraizada no prazer com o trabalho: “Faço o que amo – música, dança, arte”, diz.

Fernanda define o show “Amor Geral” como “a celebração do amor em forma de música e dança”. “Tem uma pegada bem dançante, com uma banda potente e o suingue tanto das músicas do novo disco como das do meu repertório de 26 anos de carreira solo.”

O clima de comemoração envolve também o lançamento de sua discografia, que estava há dez anos fora de catálogo, em plataformas digitais.  Em uma frase, ela sintetiza o resultado de tantas novidades: “Tô feliz à beça”.

Serviço

Fernanda Abreu - “Amor Geral - O Show”

Quando: 5/11, sábado, às 21h, e 06/11, domingo, às 18h

Onde: Teatro Paulo Autran, no Sesc Pinheiros, à rua Pais Leme, 195, São Paulo

Ingressos: R$ 40 (inteira); R$ 20 (meia: estudante, servidor de escola pública, maiores de 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência); R$ 12 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo, matriculado no Sesc e seus dependentes)

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