Como a pandemia tem afetado a vida de pessoas 60+? A Pesquisa de Comportamentos ConVid, coordenada pela Fiocruz, mostra que o grupo sofreu grandes impactos financeiros. De acordo com o estudo, 36% dos idosos que trabalham tiveram grande diminuição de renda ou perderam rendimentos. Já no caso daqueles que não tinham vínculos empregatícios, ou seja, trabalhavam de forma informal, esse número atingiu 55%. 

Antes da pandemia, 52% dessa população trabalhava com vínculo empregatício, mas agora esse número diminuiu para 23%. Dados da pesquisa mostram que uma a cada duas mulheres 60+ não trabalha com vínculo formal. Já entre os homens, o número é de 37%. 

Os rendimentosde pessoas com mais de 60 anos são essenciais para cerca da metade da renda dos domicílios brasileiros”, explica a coordenadora do Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento e integrante da equipe da pesquisa, Dalia Romero. “Os idosos não apenas sofrem maior risco ante a Covid-19 em si, como também pelo enfraquecimento da seguridade social na fase de vida em que mais precisariam de proteção”, acrescenta.

Isolamento social para a segurança de todos durante a pandemia

A cada 10 domicílios, quatro têm pelo menos um morador idoso. Os que moram sozinhos representam 18% dos entrevistados. Considerando os números, Dalia ressalta a importância da quarentena: “assim, o isolamento social de todos e a rede de assistência social e de atenção básica são fundamentais para garantir a saúde de toda a população. Cuidar do idoso é cuidar de todos, é cuidar do país”. 

Além disso, a pesquisa mostra que 34% dos trabalhadores 60+ estão envolvidos em alguma atividade essencial (saúde, segurança, transporte, serviço bancário, entre outros) durante a pandemia. E deste grupo, apenas 42% reduziram o contato social.  

“É necessário que haja políticas sociais, o governo não pode perder de vista a importância de aliar a manutenção do isolamento à garantia de suporte econômico, já que muitos idosos sustentam suas famílias. Eles não podem ser obrigados a ir para a rua, isso é mandá-los para a morte, especialmente em cidades como o Rio de Janeiro, que tem sérias deficiências na atenção básica e de assistência social”, alerta a pesquisadora. 

A pesquisa entrevistou mais de 45 mil pessoas, entre o período de 24 de abril e 24 de maio, através de questionário on-line. Os primeiros resultados apontam questões relacionadas ao aumento de problemas de saúde mental da população. 


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