Um dos efeitos potencialmente (potencialmente, porque não é certo que perdure) benéficos da crise que atravessamos é a maior valorização dos profissionais da saúde. Eles têm sido frequentemente chamados de "soldados" atuando "na linha de frente da guerra" contra a Covid-19, mas eu sou do time que questiona o uso da metáfora bélica para caracterizar o papel que os diferentes profissionais (enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, médicos, psicólogos etc) vêm desempenhando durante a crise.

Prefiro pensar no exercício do cuidado como um ato de amor. É possível entender, contudo, que o atual estado de caos pelo qual passamos exige desses profissionais uma grande dose de coragem e entrega e, por isso, podemos dizer que são heróis. É isso que a mais recente criação do artista Banksy mostra. Famoso por suas intervenções nas ruas, Banksy retratou uma profissional de enfermagem como uma boneca de capa voadora, em posição de decolagem (como o Super-Homem), enquanto na lata de lixo, ao lado da criança que brinca com a heroína, estão o Batman e o Homem-Aranha. Significativamente, a criação de Banksy foi exposta nas paredes de um hospital.

Aqui no Brasil, temos muito a melhorar no reconhecimento desses heróis. Os aplausos nas janelas são importantes, mas ainda mais são as remunerações decentes de quem arrisca a própria vida para cuidar dos outros. Se a falta de reconhecimento (financeiro e simbólico) não fosse um problema tão grave, não teríamos a atual baixa oferta de profissionais da saúde, como mostra o IDL 2017. Apenas 9%, 3%, 6% e 6% das cidades avaliadas têm quantidade considerada adequada nas seguintes categorias, respectivamente: psicólogos, médicos, fisioterapeutas e enfermeiros.

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