“Eu quero uma casa no campo/Onde eu possa ficar no tamanho da paz.” A letra de Zé Rodrix, imortalizada pela voz de Elis Regina, em 1971, dá o caminho de onde encontrar mais qualidade de vida aos 60 anos de idade ou mais no Brasil:  o interior do Estado de São Paulo.

O Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL), resultado de um estudo inédito desenvolvido pelo o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, mostra que, entre as 20 maiores cidades brasileiras mais bem preparadas para a moradia do público 60+, 9 estão no interior paulista. Entre as 40 menores mais bem preparadas, 26 ficam nessa região. Clique aqui e confira.

No grupo das mais populosas, destacam-se São José do Rio Preto, em 5º lugar; Ribeirão Preto, líder no país em número de instituições de longa permanência para idosos, em 6º; Jundiaí, em 7º; Americana, em 8º; e Campinas, em 10º.

O ranking das menores, por sua vez, é encabeçado por São João da Boa Vista e também elenca Vinhedo (2ª), Lins (3ª), Fernandópolis (4ª), Tupã (5ª), Votuporanga (6ª), Itapira (8ª) e Bebedouro (10ª), entre as dez mais bem cotadas.

“Há [no interior] uma polarização de pujança econômica, o que implica investimento em qualidade de vida”

Não é por acaso que o eldorado da oferta das melhores condições para as pessoas mais velhas no país se estende ao longo de um eixo que vai da região de Campinas até as cercanias de Ribeirão Preto – a começar pelos recursos financeiros empregados nesse trecho.

“Há nele uma polarização de pujança econômica, o que implica investimento em qualidade de vida”, afirma a arquiteta Maria Luisa Trindade Bestetti, professora-doutora do curso de gerontologia da Universidade de São Paulo.

Ribeirão Preto

O agronegócio, por exemplo, é o que impulsiona a economia ribeirão-pretana. “E gira a vida social e cultural da cidade”, diz a professora. “Moradores de municípios vizinhos vão a Ribeirão para frequentar shoppings, cinemas e teatros, contribuindo para o enriquecimento local.”

Presidente Prudente, Jundiaí, São João da Boa Vista e Paulínia 

Presidente Prudente (12ª entre as maiores), por sua vez, responde por boa parte da produção de carne bovina do Estado. A presença de empresas e indústrias movimenta o capital em localidades como Jundiaí, que concentra negócios de tecnologia, São João da Boa Vista, centro de produção de cana-de-açúcar, e Paulínia (14ª entre as menores), importante polo petroquímico.

“As pessoas se sentem mais seguras para ocupar os espaços urbanos. Elas convivem mais entre si, sentem-se mais acolhidas e menos estressadas”

Campinas, Bauru, Araraquara e São Carlos

Um fator fundamental para a predominância do interior paulista nos rankings do IDL é a quantidade de universidades e centros de pesquisa que abriga. Campinas e a trinca Bauru, Araraquara e São Carlos (14ª, 15ª e 16ª colocadas entre as maiores, respectivamente) são exemplos de cidades que se sobressaem nesse quesito.

“A USP de São Carlos tem um ótimo curso de gerontologia, e os estagiários do último ano formam um contingente qualificado para o atendimento aos idosos do município”, afirma Maria Luisa Bestetti.

Esses polos também costumam reunir incubadoras de novos negócios que se valem da inteligência acadêmica para crescer e gerar mais riqueza para a própria região.

Em relação a características sociais, a arquiteta ressalta que, em geral, o modo de vida no interior favorece o envelhecimento ativo. “As pessoas se sentem mais seguras para ocupar os espaços urbanos. Elas convivem mais entre si, sentem-se mais acolhidas e menos estressadas.”

Para compor o IDL, foram considerados mais de 60 indicadores relacionados à qualidade de vida em 498 municípios, entre eles número de instituições de longa permanência, nível de pobreza entre os idosos, qualidade hospitalar e acesso a atividades recreativas.

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