O envelhecimento populacional brasileiro é algo cada vez mais real. A pirâmide etária já mudou de formato com a expectativa de vida aumentando significativamente. Ainda assim, pesquisas revelam que esse grupo ainda tem uma percepção ruim das soluções, serviços e produtos que são obrigados muitas vezes por falta de opção, a consumir. Poucas empresas estão se preparando para competir pelos bilhões que passarão em suas mãos este ano.

Tenho trabalhado nos últimos cinco anos para construir uma das pontes que podem ajudar o mercado a passar para a próxima etapa dos estudos do comportamento de consumo 60+ utilizando dados e técnicas para melhorar a relação das marcas, produtos e serviços com este mercado. A ciência do consumo não considerou, em suas teorias acadêmicas, uma década atrás, a população mais velha como consumidora. Hoje, o tema é tratado em cursos de extensão ou iniciativas de estudiosos sobre o consumidor sênior. Pequenos ajustes e adequações podem melhorar muito a relação e a preferência dos 60+.

Uma das respostas está no CX60+ Customer eXperience 60+ (experiência do consumidor), que tangibiliza o que fazer, como realizar e quanto as marcas, produtos e serviços têm a ganhar ampliando o olhar sobre esse público. Consolido este novo momento de descobertas no conceito que chamo de Aging In Market, que provoca e promove uma nova visão, interação, curiosidade das marcas e produtos quanto às motivações de consumo. Os interesses, as características físicas e principalmente as sutilezas do design necessários a uma experiência de compra. A aplicação do Aging In Market busca ampliar a participação de mercado das marcas. Não se propõe apenas a desenvolver novos produtos e novas marcas mas, antes de tudo, ampliar e ajustar o olhar para este consumidor, entendendo suas necessidades, desejos, motivações, gatilhos cognitivos, desafios de design, usabilidade de embalagens, formato, peculiaridades no relacionamento, atendimento e layout de PDV.

O olhar do Aging In Market deve ser utilizado na comunicação, com linguagem e referências que considerem seus valores, desejos e que criem empatia. Ele explica que, mais do que apenas aparecer no filme ou no anúncio, os 60+ querem ter certeza que sua marca os compreende. Observe os comerciais durante os jornais da noite, horário em que o público 60+ domina a audiência e também a hora em que os millennials, gerações que têm entre 25 e 39 anos, estão assistindo alguma série no serviço Netflix. São raros os filmes que conversam adequadamente com eles. Outro lugar onde o CX60+ tem grande impacto é nas lojas, de corredores com obstáculos e pouca iluminação e disposição dos produtos mais comprados pelos 60+ em alturas de prateleiras que desconsideram a antropometria (altura média) das brasileiras. Localizar um produto e depois alcançá-lo transformam a experiência de compra em um exercício de muita determinação que, na maioria das vezes, acarretará na perda do um cliente.

Na indústria de alimentos, o CX60+ pode ajuda a ampliar as linhas, desenvolvendo produtos com menos sódio, menos açúcar e mais cálcio, por exemplo. O cuidado na alimentação passou a ser a prioridade número um para os 60+. O fato é que essa população já é, segundo a PNAD IBGE, de 30,2 milhões de pessoas, o que representa 14% da população brasileira. Em 2018, a renda total deles será superior a R$ 850 bilhões. Hoje, boa parte desse dinheiro é consumido em produtos e serviços que poderiam ser melhor desenhados e ajustados para pessoas com mais de sessenta anos. O Aging In Market e seus capítulos, como a CX60+, chegaram para melhorar ajudar as empresas e marcas a garantir uma fatia deste bilionário mercado.

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