O Dia Mundial contra a Discriminação Racial é comemorado em 21 de março. A data, instituída durante uma Assembleia da ONU, visa homenagear os 69 mortos e 186 feridos durante uma manifestação na África do Sul, em 1960, contra o regime do Apartheid. Mas a data também poderia ser comemorada nesta quarta-feira (18), dia em que se comemora o aniversário de Nelson Mandela.

Se vivo, o líder negro que lutou durante 67 anos pelos direitos humanos na África do Sul completaria hoje 100 anos de idade. Depois de passar 27 anos nas prisões do regime racista, Mandela enfim se tornou o primeiro presidente eleito democraticamente no país em 1994, cargo que ocupou até 1999. Um ano antes, “Mandiba” havia sido agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.

Falecido em 5 de dezembro de 2013, Mandela também recebeu uma importante homenagem da ONU, que declarou, em dezembro de 2009, o 18 de julho como “Dia Internacional Nelson Mandela”. O espírito deste dia consiste em conscientizar as pessoas em todo o mundo para que dediquem 67 minutos (um minuto por cada ano de luta de Mandela) a ajudar os outros.


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Todos os anos, para comemorar a data, a Fundação Mandela convida uma pessoa de prestígio para discursar. Este ano, em homenagem ao seu centenário, o convidado foi o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, que discursou ontem (17) para cerca de 15.000 pessoas no estádio Wanderers, em Joanesburgo. Entre os presentes, a última esposa de Mandela, Graça Machel, a ex-presidente da Libéria Ellen Johnson Sirleaf e o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan.

Em seu discurso, Obama alertou para o crescimento do que chamou de uma “política de valentões” em todo o mundo. “As eleições e democracias dissimuladas são mantidas nas suas formas, mas aqueles que estão no poder desmantelam as instituições ou normas que dão significado à democracia”, declarou.

E mesmo após tantos anos de luta contra a discriminação racial, o racismo continua presente no cotidiano das pessoas. Em dezembro de 2017, a atriz e poeta Elisa Lucinda fez uma participação do programa de entrevistas Roda Viva, exibido pela TV Cultura. Emocionada, Elisa convidou as pessoas a fazerem uma viagem de cidadão dentro de suas vidas.

“Será uma viagem muito violenta (...). Saberão, por exemplo, que negros e negras, pobres, nos hospitais públicos, recebem menos anestesia. Quando eu soube disse, parecia que era ficção”, desabafou a atriz. Segundo Elisa, a visão da Casa Grande deixou a população branca com uma visão muito limitada da realidade. “Desde os 17 anos que eu tenho conta em banco e eu nunca tive um gerente negro, não conheço nenhum diretor de banco negro. O que é isso, senão cotas para brancos?”, denunciou.

Na opinião da artista, há um momento em que todos nós teremos que decidir se somos um abolicionista moderno ou um escravagista e citou a socióloga americana Angela Davis. “Não basta ser racista, é preciso ser antirracista”.

Assista ao vídeo na íntegra:

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