Já se costuma falar que ser avô é ser pai duas vezes. Mas há quem se empolgue tanto com essa empreitada que, depois de chegados os netos, resolvem ter novos filhos, dando origem a um novo ciclo de paternidade múltipla, por assim dizer. Isso aconteceu com o roteirista e produtor Carlos Alberto de Nóbrega, 82 anos, famoso por apresentar o programa humorístico “A Praça é Nossa”, no SBT, desde 1987. Neste 2018, enquanto comemorava o aniversário do casal de filhos gêmeos de 18 anos, via sua neta de 27 estrear em um quadro da atração televisiva.

Para o apresentador, a felicidade de aumentar a prole em idades mais maduras da vida caminha ao lado de uma “sensação estranha”. “Ao mesmo tempo em que você está vivendo o presente e vê uma vida nascer, dá um medo de saber até quando vai poder ser pai, até quando vai viver para poder formar o seu filho”, descreve.


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Carlos Alberto de Nóbrega conta que essa preocupação surgiu em relação aos gêmeos, oriundos de seu segundo casamento – em maio deste ano, ele firmou seu terceiro matrimônio, com a médica Renata Domingues, 40 anos. “Temia não poder dar aos dois toda a presença paterna que eu dei aos quatro do meu primeiro casamento”, diz. “Mas foi um pensamento um pouco neurótico, porque, na verdade, não existe idade para morrer.”

Na prática, ele constatou que é mais fácil ser pai depois de já haver se tornado avô. “Por toda a experiência acumulada com os filhos já crescidos, você fica muito mais tranquilo ao realizar as atividades paternas de novo, consegue entender muito mais a criança.”

carlos alberto da nobrega O apresentador Carlos Alberto de Nóbrega comemora o aniversário de 18 anos de seus filhos gêmeos, Maria Fernanda e João Victor; crédito: Reprodução/Instagram/@calbertonobrega

Em sua percepção, a paternidade de um casal de gêmeos aos 63 anos renovou suas motivações no dia a dia. “Você ganha muita força, desdobra-se para ser mais jovem em relação à idade cronológica que tem”, afirma. Porém, em muitas situações, diz ter percebido que “a cabeça manda, mas o corpo não obedece”. “Queria jogar bola com meu filho e não aguentava cinco minutos, ao passo que, quando havia sido pai antes, jogava até futebol de areia na praia com as crianças”, lembra.

Olho: “Existe um carinho entre os quatro primeiros filhos e os gêmeos, mas não uma afinidade”

Nas relações familiares, Carlos Alberto avalia que seus filhos mais novos têm mais coisas em comum com os netos do que com seus filhos mais velhos, justamente pela proximidade entre as idades. “Os gêmeos têm sobrinhos mais velhos do que eles, e há uma distância muito grande, de cerca de 40 anos, entre a geração dos filhos do primeiro casamento e a dos do segundo. Existe um carinho entre os quatro primeiros filhos e os gêmeos, mas não uma afinidade, nem mesmo um relacionamento fraterno. Várias vezes os dois mais novos chamam os mais velhos de tios, sendo que, na verdade, são irmãos.”

Recomeço

Particularmente no quesito fôlego para acompanhar o filho no futebol, o economista e contador Alfredo Borba, 71 anos, que mora em Suzano (SP), tem um pique diferente do de Nóbrega. “Nós jogamos bola juntos”, diz Borba em referência ao filho João Felipe, 19 anos, o mais novo entre seus quatro – o mais velho está com 48, e, de um total de seis netos, a mais nova, Luiza, tem 23 anos.

A história de João é um dos capítulos mais bonitos da vida de Alfredo, de acordo com o próprio contador. “Eu e minha mulher [Maria Cordeiro Borba, 74 anos] o adotamos logo que nasceu”, afirma.


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Tudo começou quando uma funcionária de Maria Borba – então dona de uma venda – ficou grávida e disse à empregadora que abortaria por não ter condições financeiras de cuidar do bebê. “Minha mulher não deixou e disse a ela que criaria a criança”, lembra Alfredo.

Olho: “O João deu um novo significado à nossa vida”

E assim foi feito. “O João deu um novo significado à nossa vida”, diz. “Os outros filhos estavam criados, todos praticamente casados. Com a chegada dele, foi como se tudo tivesse começado de novo aos 50 anos. E percebi que teria de trabalhar dobrado para cuidar do João, o que também foi excelente como motivação.”

Alfredo hoje se diz muito bem “física, mental e espiritualmente”. Continua a exercer sua profissão como dono de uma empresa de contabilidade, enquanto vê o filho mais novo às voltas com a preparação para o vestibular. Nesses ciclos que se fundem e se renovam, diverte-se com a amizade entre João e seus sobrinhos e netos. “Há até uma disputa saudável para ver quem dá mais afeto ao rapaz”, afirma. “Parece que ele estava mesmo fadado a entrar para essa família. Meus filhos me falam: ‘Se um dia o senhor faltar, a gente vai cuidar dele’”.

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