Impactos da aposentadoria na vida do dia a dia

Podemos afirmar que, ainda que para uma parcela menor da população – parcela não quantificada, tão somente identificada pela observação - a aposentadoria não cause grandes impactos na vida de uma pessoa, para outra grande e expressiva parcela, as mudanças e adaptações que se farão necessárias num espaço de tempo estimado em poucos anos se mostram complicadas e sofridas.

São poucos, efetivamente, aqueles que já estão preparados para se afastar da empresa ou da instituição em que estiveram trabalhando até então.

Há empresas que assimilam bem a presença dos mais velhos em seus quadros, mesmo quando já aposentados e outras que exercem muitas formas de pressão para coloca-los para fora. Há, também, aquelas que não podem dispensá-los, na medida em que dependem de seus conhecimentos e habilidades para manter a saúde financeira, a lucratividade dos negócios.

Grosso modo, aqueles que são menos impactados no seu padrão e no seu estilo de vida são as pessoas que ganham menos. Estas, muitas vezes nem são contempladas pelos benefícios dos planos de pensão. E têm menos ambição.

Os altos executivos, ainda que não sintam os impactos no seu bolso, com certeza se ressentirão muito por deixarem de participar dos círculos de poder. Sua networking logo despenca e, dependendo de suas áreas de atuação, poderão ser facilmente substituídos por pessoal mais novo e mais versado nas novas tecnologias.

Junto com a perda do poder funcional, perdem-se: acessos, relacionamentos, benefícios agregados, agrados, viagens e prestígio. Junte-se a isso todo o séquito de auxiliares e assessores, um executivo do primeiro escalão pode se ver, de um dia para outro, destituído de toda a atratividade de que era investido em razão do seu cargo e, não propriamente, da sua pessoa.

Mesmo que se trate de personalidade altamente reconhecida, e que tenha como moeda de troca o seu carisma, cessarão os convites para encontros, festas e viagens. E, se os receber, as despesas correrão por sua conta, uma vez que a empresa da qual se desligou não haverá mais de arcar com estes custos. Em poucos meses estará se ressentindo por haver sido catapultado para fora de um círculo fechado onde todos se tratam por irmãos e amigos.

As mudanças não pararão por aí. Há que se considerar pelo menos as sete dimensões da vida no tempo da senioridade:

dimensões existenciais

1. Os relacionamentos interpessoais;

2. A relação que a pessoa tem com o seu corpo;

3. Suas motivações;

4. Seus valores morais, religiosos e materiais;

5. O que essa pessoa faz na prática do dia a dia;

6. Qual a extensão de seu horizonte espaço-temporal; e

7. A qualidade e a intensidade de sua vida afetiva.

Fato sabido e notório: a pessoa que se afasta tem uma grave perda na sua rede de relacionamentos, pessoais e profissionais. Esta rede não se reconstrói inteiramente e muitos vínculos com os quais contava desaparecerão em tempo breve. Pior, muita gente até então afável, haverá de dar-lhe ‘um perdido’.

Sua saúde geral ficará abalada. E, quando a pessoa já não está bem de sua, logo se manifestarão sintomas que, até então, nem eram notados ou vinham sendo negligenciados. Isso dependerá, inclusive, do modo - se mais abusivo e grosseiro ou correto e cavalheiro – com que se deu a dispensa. Danos morais são muito frequentes nestas horas.

Há alguns caminhos das pedras, que pretendemos mapear por aqui. No momento só deixamos apontados o que necessita ser bem tratado para que a aposentadoria não seja uma experiência amarga e desastrosa.

Haveremos de prosseguir com novas considerações e dicas de comportamento.

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